Por Patricia Zengerle e Matt Spetalnick
WASHINGTON (Reuters) - O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, realizou nesta quinta-feira um contra-ataque firme contra os críticos do acordo com o Irã sobre o programa nuclear iraniano, dizendo a parlamentares céticos que seria uma fantasia pensar que os EUA podem simplesmente "apagar com uma bomba" o conhecimento atômico de Teerã.
Falando ao Congresso pela primeira vez desde que o chamado P5+1 –grupo formado por China, EUA, França, Grã-Bretanha, Rússia e Alemanha– fechou o acordo histórico com o Irã na semana passada, o chefe da diplomacia dos EUA foi confrontado abertamente pelos republicanos, segundo os quais os negociadores iranianos o "tapearam".
As discussões acaloradas no Capitólio refletiram um endurecimento nas posições enquanto o Congresso inicia um período de análise de 60 dias do pacto que é considerado crucial para seu destino.
As seis potências e a União Europeia firmaram o entendimento com o Irã apesar de Washington suspeitar que Teerã tenha trabalhado para construir armas nucleares, enquanto o Irã diz que seu programa é pacífico.
Kerry insistiu que os críticos do acordo, que limita o programa nuclear iraniano em troca do alívio das sanções, estão tentando impor uma alternativa ilusória, que ele desqualificou como "uma espécie de acordo unicórnio envolvendo a capitulação completa do Irã".
"O fato é que agora o Irã tem ampla experiência com a tecnologia do ciclo de combustível nuclear", disse Kerry ao Comitê de Relações Exteriores do Senado. "Não podemos apagar esse conhecimento com uma bomba. Nem podemos apagar esse conhecimento com sanções".
O secretário afirmou que, se o Congresso rejeitar o acordo obtido em Viena, "o resultado será os Estados Unidos da América desistindo de cada uma das restrições que conseguimos e uma grande luz verde para o Irã duplicar o ritmo de seu enriquecimento de urânio". "Teremos desperdiçado a melhor chance que temos de resolver este problema através de meios pacíficos".
(Reportagem adicional de Doina Chiacu, Idrees Ali e David Brunnstrom)