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MOSCOU (Reuters) - O Kremlin indicou na quarta-feira que os planos do escudo antimísseis "Domo de Ouro" do presidente norte-americano Donald Trump poderiam forçar a retomada, em um futuro próximo, dos contatos entre Moscou e Washington sobre o controle de armas nucleares.
Questionado sobre o anúncio de Trump de que havia selecionado um projeto para o escudo de defesa antimísseis Domo de Ouro, de US$175 bilhões, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que se tratava de um assunto soberano para os Estados Unidos.
O chamado "Domo de Ouro", inspirado no escudo de defesa terrestre Domo de Ferro de Israel, é um projeto ambicioso que visa bloquear as ameaças da China e da Rússia, que os Estados Unidos consideram seus dois maiores concorrentes geopolíticos.
Peskov, perguntado se a Rússia via o projeto como uma ameaça à paridade nuclear da Rússia com os Estados Unidos, disse que não havia detalhes sobre o projeto dos EUA e que ainda havia muitas nuances.
"Em um futuro previsível, o próprio curso dos acontecimentos exige a retomada dos contatos sobre questões de estabilidade estratégica", afirmou Peskov.
A Rússia e os Estados Unidos, de longe as maiores potências nucleares, lamentaram a desintegração do emaranhado de tratados de controle de armas que buscavam desacelerar a corrida armamentista e reduzir o risco de guerra nuclear.
Os Estados Unidos culpam a Rússia pelo colapso de acordos como o Tratado de Mísseis Antibalísticos de 1972 e o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF) de 1987.
Os Estados Unidos se retiraram formalmente do tratado INF em 2019, citando violações russas que Moscou negou. Os Estados Unidos se retiraram do Tratado ABM em 2002.
"Agora que a estrutura legal nessa área foi destruída, e o período de validade expirou, ou deliberadamente, digamos, vários documentos deixaram de ser válidos, essa base precisa ser recriada tanto no interesse de nossos dois países quanto no interesse da segurança em todo o planeta", disse Peskov.