Por Samia Nakhoul e Ellen Francis
BEIRUTE (Reuters) - O Líbano entrou em luto nesta quinta-feira pelas vítimas da mais poderosa explosão a atingir o país, que já sofre com uma crise econômica, enquanto equipes de resgate buscam pessoas desaparecidas desde a explosão que atingiu o porto de Beirute e devastou a cidade.
O presidente francês Emmanuel Macron, na primeira visita de um líder estrangeiro desde a explosão de terça-feira que matou pelo menos 145 pessoas e feriu 5 mil, chegou a Beirute na quinta-feira com uma equipe especializada em resgate e equipamentos.
Dúzias de pessoas ainda estão desaparecidas e até 250 mil ficaram sem casas adequadas para morar, após as ondas de impacto causadas pela explosão amassar a fachada de prédios, atirar móveis às ruas e destruir janelas quilômetros para dentro da cidade.
Uma fonte das forças de segurança disse que o total de mortes chegou a 145, e autoridades afirmaram que esse número deve crescer.
Famílias se reuniram perto do porto em busca de informação sobre os desaparecidos, em meio à irritação do público com as autoridades por terem permitido que uma alta quantidade de material explosivo fosse armazenado durante anos em condições inseguras em um armazém portuário.
"Terão um bode expiatório para desviar responsabilidade", disse Rabee Azar, trabalhador da construção civil, perto de restos amassados do silo de grãos do porto, cercado por outras alvenarias mutiladas e prédios achatados.
O primeiro-ministro Hassan Diab declarou três dias de luto a partir desta quinta-feira, após a mais devastadora explosão a atingir a cidade que ainda sofre as consequências de uma guerra civil três décadas atrás, além da crise financeira e um aumento de casos de coronavírus.
O ministro da Economia, Raoul Nehme, disse que o Líbano, com seu sistema bancário em crise, uma moeda em colapso e um dos maiores fardos de dívidas do mundo, tem recursos “muito limitados” para lidar com o desastre que, por algumas estimativas, pode custar 15 bilhões de dólares ao país.
O presidente Michel Aoun disse que a explosão foi causada por 2.750 toneladas de nitrato de amônio, usado em fertilizantes e bombas, que estavam armazenados há seis anos no porto após serem confiscados. Ele prometeu investigar e responsabilizar os culpados.
O governo ordenou que autoridades portuárias fossem colocadas sob prisão domiciliar, disseram fontes ministeriais à Reuters.