Por Vivian Sequera e Monica Machicao
LA PAZ (Reuters) - O líder da oposição boliviana, Carlos Mesa, descartou nesta segunda-feira qualquer negociação com o presidente Evo Morales para acabar com a crise política no país sul-americano, onde greves fecharam estradas, escolas e empresas.
A Bolívia tem sido palco de protestos por mais de uma semana, após o tribunal eleitoral do país suspender abruptamente a publicação dos resultados das eleições presidenciais, para depois anunciar que Morales havia conseguido uma vitória apertada, o que lhe garantiu um quarto mandato.
Os resultados, que significavam que Morales evitou por pouco um segundo turno com Mesa, provocaram acusações de fraude por parte do líder da oposição e de seus apoiadores.
Morales, o líder mais antigo da América Latina, negou as acusações, mas concordou com uma auditoria e disse que irá a um segundo turno de votação, se forem encontradas irregularidades.
Ainda não foi marcada uma data para a auditoria da Organização dos Estados Americanos (OEA), mas os bolivianos foram às ruas. Moradores da capital La Paz participaram nesta segunda-feira de uma greve geral convocada pela oposição.
"Eu sempre tive o espírito de diálogo e um espírito democrático e pacífico, mas neste momento minha vontade pessoal está condicionada pelos protestos populares", disse Mesa, de 66 anos, que foi presidente de 2003 a 2005.
"Os protestos populares hoje exigem que o governo dê um passo atrás e admita que a fraude foi cometida", afirmou Mesa à Reuters em seu escritório.