Por Dan Williams
ITAMAR, Cisjordânia (Reuters) - Líderes de assentamentos judeus que resistem à criação de um Estado palestino estão complicando os planos de Israel para anexar dezenas de assentamentos da Cisjordânia ocupada nos termos de uma proposta de paz apresentada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, deve debater no mês que vem o plano de anexação, segundo o qual Israel declararia soberania sobre 30% da Cisjordânia, justamente em áreas nas quais a maioria de seus cerca de 130 assentamentos estão localizados.
O plano é rejeitado pelos palestinos, que querem um Estado que abarque toda a Cisjordânia, além da Faixa de Gaza, tendo Jerusalém Oriental como capital. A maioria das potências mundiais concorda.
O plano também enfrenta resistência de líderes de colonos que se opõem aos planos de Trump para um Estado palestino futuro que envolveria ao menos 15 assentamentos judeus -- apesar das garantias norte-americanas de proteção e acesso a "enclaves" futuros.
"Estamos falando do estrangulamento de uma comunidade", disse Hananel Elkayam, prefeito do assentamento de Itamar, um dos 15 citados no plano.
Expressando reservas que vê ecoadas nos outros 14, Elkayam previu que os moradores não poderiam mais viajar para trabalhar em territórios que estariam em um novo Estado palestino, não teriam direito de construir e correriam mais risco de ataques do que agora.
"Eu diria (a Trump): muito obrigado pelo plano, muito obrigado pelo grande afeto pelo povo judeu (mas) nós decidiremos nosso próprio destino", disse Elkayam.
Nesta semana, autoridades dos EUA debaterão se devem dar sinal verde para Israel prosseguir com as ações de anexação, vistas pelos palestinos e por muitos outros países como ocupações de terra ilegais.
Os assentamentos israelenses na Cisjordânia foram construídos por governos sucessivos em terras capturadas na Guerra dos Seis Dias de 1967. Mais de 400 mil israelenses moram ali atualmente, e outros 200 mil em Jerusalém Oriental, que também foi tomada em 1967.
Uma pesquisa da semana passada da Direct Poll mostrou que 56,8% dos colonos apoiam o plano de Trump, mais do que a média israelense.
Elkayam e outros líderes de colonos dizem que seu apoio é à anexação -- contanto que os planos para um Estado palestino sejam descartados.
Autoridades de Israel e dos EUA querem criar a percepção de que estão mantendo a porta aberta para a diplomacia.