MANILA (Reuters) - O líder das Filipinas, Rodrigo Duterte, mandou o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para o inferno, nesta terça-feira, e disse que os EUA se recusaram a vender algumas armas a seu país, mas que não se importa porque a Rússia e a China estão dispostas a fornecê-las.
Em seu ataque verbal mais recente, Duterte afirmou ter perdido respeito pelos EUA e repudiou as preocupações norte-americanas com sua guerra às drogas, chamando seus críticos de "tolos" que não podem impedi-lo de levar a cabo uma campanha que já matou mais de 3.400 pessoas em pouco mais de três meses.
Em um discurso polêmico e às vezes de baixo calão feito em Manila, Duterte disse que Washington não quer vender mísseis e outras armas, mas que russos e chineses lhe disseram que podem providenciá-las facilmente.
"Embora possa parecer merda para vocês, é meu dever sagrado manter a integridade desta república e as pessoas saudáveis", disse Duterte no segundo de dois discursos televisionados nesta terça-feira.
"Se vocês não querem vender armas, irei à Rússia. Mandei os generais à Rússia e a Rússia disse 'não se preocupem, temos tudo que vocês precisam, vamos entregar a vocês".
"E quanto à China, eles disseram 'simplesmente venha e assine e tudo será entregue'".
Seus comentários foram os mais recentes de uma avalanche quase diária de hostilidade contra os EUA, em que o presidente filipino começou a contrastar a ex-potência colonial com seus rivais geopolíticos Rússia e China.
No domingo, ele afirmou ter recebido apoio de Moscou e Pequim quando se queixou a eles dos Estados Unidos. Ele ainda disse que irá rever o Acordo Intensificado de Cooperação de Defesa entre as Filipinas e os EUA.
O acordo, assinado em 2014, garante a tropas norte-americanas algum acesso a bases filipinas, e lhes permite montar instalações de armazenamento para segurança marítima e para operações humanitárias e de reação a desastres.
Duterte disse que os EUA deveriam ter apoiado as Filipinas no enfrentamento de seus problemas crônicos das drogas, mas que ao invés disso o criticaram pelo alto saldo de mortes, como fez a União Europeia.