Por Yara Bayoumy
SANAA (Reuters) - O líder dos militantes iemenitas do grupo Houthi, que controlam a capital, Sanaa, disse nesta terça-feira que busca uma transição pacífica de poder após a renúncia do presidente, Abd-Rabbu Mansour Hadi, e convocou todas as facções do país a trabalharem juntas na resolução da crise.
Os comentários conciliatórios de Abdel-Malek al-Houthi, transmitidos pela TV, ocorrem menos de uma hora depois de seus apoiadores libertarem o chefe de gabinete de Hadi, capturado na semana passada numa tentativa de pressionar o presidente em uma disputa sobre uma nova Constituição.
A captura do assessor, Ahmed Awad bin Mubarak, ajudou a aprofundar ainda mais a crise política no Iêmen, resultando em confrontos entre os houthis e os guardas presidenciais de Hadi e levando o presidente e seu governo a renunciar na última quinta-feira.
Os partidos políticos no Iêmen, incluindo os houthis, tentam agora encontrar um entendimento sobre o que fazer após a renúncia de Hadi, que deixou um vácuo de poder no país vizinho à Arábia Saudita, maior exportador de petróleo do mundo.
Em seu discurso, Houthi alertou para que não se permita que o Iêmen seja empurrado para o colapso e disse que as consultas continuavam a ser conduzidas com o aconselhamento da Organização das Nações Unidas (ONU) para resolver o impasse no país.
"Estamos buscando uma transferência pacífica de poder, na base da parceria", disse Abdel-Malek Houthi no discurso transmitido pela TV do grupo, a Al-Maseerah.
"Deixemos que todos sigam em direção à cooperação em vez de se confrontar, discutir e brigar", acrescentou ele.
Ele acrescentou que as resoluções tomadas durante quase um ano de diálogo nacional organizado por Hadi em 2013 e um acordo assinado depois que os houthis capturaram Sanaa em setembro também seriam a base para qualquer acordo.
Descrevendo a renúncia de Hadi como uma "manobra", Houthi disse que partidos políticos, com o apoio da ONU, têm feito consultas para chegar a uma "transferência pacífica do poder".
(Reportagem adicional de Sami Aboudi, em Dubai; de Mohammed Mokhashaf, em Aden; de Mostafa Hashem, no Cairo)