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Malala critica política de Trump de separar famílias imigrantes e expande sua fundação para o Brasil

Publicado 11.07.2018, 20:42
Atualizado 11.07.2018, 20:50
© Reuters. Malala joga futebol com meninas na praia de Copacabana no Rio de Janeiro
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Por Alexandra Alper

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A vencedora do prêmio Nobel da Paz Malala Yousafzai descreveu como “cruel” uma política realizada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de separar filhos de imigrantes ilegais de suas famílias, durante sua primeira visita à América do Sul para promover a educação de meninas.

Mais de 2.300 crianças foram separadas de seus pais após o governo Trump iniciar uma política de “tolerância zero” no começo de maio, buscando processar todos os adultos que cruzassem a fronteira ilegalmente do México aos EUA. Trump parou de separar famílias no mês passado, após críticas públicas e desafios judiciais.

“Isto é cruel, isto é injusto e isto é desumano. Eu não sei como alguém pode fazer isto”, disse Malala à Reuters nesta quarta-feira. “Eu espero que as crianças possam estar juntas de seus pais.”

Suas palavras duras contrastaram com os elogios efusivos no ano passado ao recebimento de refugiados no Canadá sob o premiê Justin Trudeau. No Fórum Econômico Mundial em Davos neste ano, Malala também questionou o histórico de Trump no que envolve direitos das mulheres.

Malala visitou o Rio de Janeiro para dar o pontapé inicial na expansão de sua organização de caridade com foco em educação, a Malala Fund, na América Latina, começando pelo Brasil.

Seu objetivo no país é advogar por maiores gastos públicos em educação, uma tarefa difícil, após o Brasil aprovar uma emenda constitucional congelando gastos federais em termos reais por duas décadas para reduzir dívidas públicas.

Ela também espera ajudar o que se estima ser 1,5 milhão de meninas que não vão à escola, com um foco especial em grupos minoritários que ficam atrás de crianças brancas em indicadores-chave, como alfabetização e conclusão do segundo grau.

“É importante para nós alcançarmos indígenas e a população afro-brasileira. Estas garotas estão enfrentando muitos desafios”, disse Malala na entrevista.

“Quando meninas abandonam a escola elas estão mais vulneráveis à pobreza, assédios sexuais, empregos com salários menores, elas não são capazes de alcançar seus sonhos e o ciclo continua.”

"Eles têm que investir em educação. Congelamento não é a solução", acrescentou.

Em 2014, Malala foi a pessoa mais jovem a receber o prêmio Nobel, homenageada pelo trabalho com sua fundação, uma instituição de caridade que criou para apoiar grupos em defesa da educação com foco no Paquistão, Nigéria, Jordânia, Síria e Quênia.

A presença do grupo no Brasil teve início com uma garantia de 700 mil dólares para três anos para três ativistas brasileiras concentradas em questões educacionais. Malala diz esperar expandir o projeto para outros lugares da América Latina.

Mais cedo neste ano, a jovem de 20 anos retornou ao Paquistão pela primeira vez desde que foi baleada na cabeça por um atirador do Taliban, em 2012, por conta de seu blog em defesa da educação de meninas.

Semanas antes das eleições presidenciais no país, Malala descartou a política para si por ora. “Ainda estou conversando com líderes e garantindo que eles priorizem educação em suas políticas”, disse. “É mais fácil desta maneira do que quando você está dentro.”

CASO MARIELLE

© Reuters. Malala joga futebol com meninas na praia de Copacabana no Rio de Janeiro

Durante a visita ao Rio, Malala posou para fotos em um muro com uma imagem da vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada junto com seu motorista, Anderson Gomes, em março, e defendeu a justiça.

“É trágico. Eu tenho orações e apoio e mando amor à família e estou mandando meus sentimentos. Justiça é necessária neste caso e eu espero que as autoridades relacionadas possam investigar isto o mais rápido que puderem. Quando um ativista é mirado, também há um sentimento de medo que se espalha por outras atividades que lutam por estas causas”, disse.

Marielle, ativista dos direitos humanos e que denunciava as milícias e abusos em ações policiais em favelas locais, foi perseguida após deixar um encontro de mulheres na Lapa até o bairro do Estácio (SA:ESTC3), onde ocorreu o crime que provocou comoção nacional e até no exterior.

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