Por Andrew Cawthorne
CARACAS (Reuters) - Sentados diante de barricadas e dividindo comida, apoiadores da oposição bloquearam vias em diversas partes da Venezuela nesta segunda-feira para tentar manter a pressão sobre o presidente Nicolás Maduro.
Um governador do Partido Socialista, que antes havia dito que um atirador matou um policial, afirmou mais tarde que isso não era verdade e que o policial estava em estado crítico.
Os manifestantes têm ido às ruas diariamente desde o início de abril para exigir eleições, a libertação de ativistas presos, ajuda humanitária estrangeira para amenizar a crise econômica e autonomia para a legislatura controlada pela oposição.
O socialista Maduro os acusa de buscar um golpe de Estado violento.
Os manifestantes vêm usando táticas sempre variadas. Alguns cavalgaram por Caracas no sábado, mulheres levaram cartas e flores a postos policiais e militares no Dia das Mães, no domingo.
Nesta segunda, milhares de pessoas se juntaram às 7h em vias de Caracas e em outros lugares, cantando slogans, agitando bandeiras, e jogando cartas e outros jogos improvisados.
"Estou aqui para ficar todas as 12 horas. E voltarei todos os dias em que houver um protesto, pelo tempo que for necessário", disse a funcionária de recursos humanos Anelin Rojas, de 30 anos, sentada de pernas cruzadas com um romance e fones de ouvido no meio da principal rodovia de Caracas.
"Infelizmente, estamos enfrentando uma ditadura. Nada irá mudar a menos que os obriguemos", acrescentou Rojas, cercada de cartazes dizendo "Resistência!" e "Maduro, Sua Hora Chegou!"
Usando galhos, pedras e lixo, os manifestantes interditaram a via expressa Francisco Fajardo, em Caracas, antes do amanhecer. Muitos levaram cadeiras, esteiras e comida para o dia todo.
Houve protestos semelhantes em outras grandes cidades do país de 30 milhões de habitantes.
Na ilha de Margarita, a deputada da oposição Yanet Fermin foi detida durante mediação entre forças de segurança e manifestantes, disse seu partido.
Ao menos 38 pessoas morreram, incluindo manifestantes, simpatizantes do governo, transeuntes e forças de segurança, durante seis semanas de manifestações, e centenas ficaram feridas e foram presas.
(Reportagem adicional de Anggy Polanco em San Cristóbal e Maria Ramirez em Ciudad Bolívar)