LONDRES (Reuters) - Milhares de manifestantes favoráveis à União Europeia se reuniram no centro de Londres neste sábado para pedir que o governo britânico realize um voto popular sobre os termos do Brexit.
Dois anos depois que 52 por cento dos eleitores do país votaram para a saída da Inglaterra do bloco econômico, pesquisas de opinião mostram que as divisões políticas relacionadas ao Brexit estão arraigadas e que, apesar da confusão sobre o que o Brexit vai significar, não houve clara mudança de opinião.
A campanha "People's Vote" (Voto do Povo, em tradução livre), que inclui vários grupos pró-UE, quer assegurar uma votação popular “para que nós possamos decidir se uma decisão que vai afetar as nossas vidas por gerações vai tornar o país melhor ou pior”.
Uma pesquisa no início desta semana mostrou que 48 por cento dos consultados apóiam um referendo sobre o acordo final, e 25 por cento se opõem.
Ainda não há clareza sobre como será o acordo final do Brexit, em meio às disputas no governo conservador de Theresa May e também entre alguns dos seus oponentes sobre as futuras relações comerciais com a UE depois que o país deixar o bloco em março do ano que vem.
O ministro do Exterior, Boris Johnson, um dos principais defensores do Brexit, escreveu um artigo no tabloide “The Sun” defendendo a saída da Inglaterra do bloco.
O Reino Unido, segundo ele, votou “pela liberdade de escapar das cintas de regulação e regras da UE”, e, assim, qualquer abrandamento no acordo final, como a permanência no mercado único e na união aduaneira, seria negativo.
Os que votaram pela saída não mudaram de opinião, disse ele. “Eles não querem um Brexit papel higiênico: suave, frágil e que parece infinitamente longo”, afirmou.
Segundo duas fontes diplomáticas disseram ao jornal “Telegraph”, Johnson teria rebatido de forma dura preocupações de líderes empresariais em relação ao Brexit.
Falando à rádio BBC, Jurgen Maier, chefe da Siemens no Reino Unido, afirmou que slogans sobre o Brexit eram “incrivelmente inúteis”.
"O que precisamos fazer agora é nos aproximarmos dos nossos parceiros europeus e resolvermos como um Brexit realista e pragmático, que funcione para os dois lados, deve ser”, disse.
Na sexta-feira, a Airbus disse que reconsideraria a sua posição a longo prazo no Reino Unido, colocando postos de trabalho em risco, se o país deixar a UE sem um acordo.
(Por Henry Nicholls em Londres, reportagem adicional Elisabeth O'Leary em Edimburgo)