Por Lizbeth Diaz
TIJUANA, México (Reuters) - Os Estados Unidos pretendem aumentar nas próximas semanas um programa para enviar solicitantes de asilo da América Central ao México para que aguardem no país vizinho a definição de audiências pelos EUA, uma política experimental que autoridades mexicanas e abrigos dizem arriscar sobrecarregar um sistema subfinanciado.
No final de janeiro, os Estados Unidos começaram a enviar migrantes da América Central que atravessaram a fronteira de Tijuana a San Diego de volta ao México para aguardarem por lá o processamento de seus pedidos de asilo.
Na sexta-feira, uma autoridade dos EUA disse que várias agências governamentais se reuniram esta semana para discutir a implementação da política em mais cidades de fronteira. Grupos de direitos humanos estão processando simultaneamente o governo dos EUA para tentar encerrar o programa, que, para eles, infringe a lei e põe os refugiados em risco.
A autoridade dos EUA, que falou em condição de anonimato, disse que o programa provavelmente será ampliado nas próximas semanas, e que uma opção era sua aplicação na fronteira El Paso-Ciudad Juarez, que viu um aumento na chegada de migrantes em fevereiro.
Os pedidos de asilo da América Central têm sido os que mais crescem na fronteira sul. A política em debate, por sua vez, é o esforço mais radical do presidente dos EUA, Donald Trump, para dissuadir mais migrantes de usarem o asilo para chegar aos Estados Unidos.
Uma das primeiras pessoas a serem enviadas de volta foi a vendedora de frutas salvadorenha Yanira Esmeralda Chávez, que esperou na fila em Tijuana por cinco semanas para pedir asilo na fronteira dos EUA. Ela disse que fugiu de casa quando homens ameaçaram matar seu filho a menos que ela desse a eles parte de seus ganhos e o menino de 11 anos se juntasse à sua gangue.
"Não tenho para onde ir nem dinheiro para mim ou para meus filhos. Tenho medo de estar no México, o crime aqui é como voltar para casa", disse Chávez no abrigo de Madre Asunta, onde está esperando com três crianças para uma audiência de imigração em San Diego, em 27 de março.
Críticos do sistema de asilo existente dizem que muitos imigrantes acabam esperando anos para as datas definidas por tribunais nos Estados Unidos, e que forçá-los a permanecer no México pode ajudar a reduzir o número de pedidos.
Mas Chávez e outros que esperavam no México e que foram entrevistados pela Reuters disseram que teriam deixado suas casas, independentemente da nova política, para proteger suas famílias.
O chefe do Instituto Nacional de Imigração do México (INM), Tonatiuh Guillen, alertou que as cidades fronteiriças do México teriam dificuldades para cuidar de pessoas que buscam asilo por longos períodos.