Por Balazs Koranyi e Irene Preisinger
BUDAPESTE/MUNIQUE (Reuters) - Milhares de imigrantes entraram na Alemanha neste domingo, muitos cruzando a Áustria, vindos da Hungria, onde ficaram retidos contra a sua vontade por dias, enquanto governos da União Europeia discutem como responder à situação.
Um comboio de cerca de 140 carros cheios de comida e água deixou Viena para recolher imigrantes exaustos, muitos da Síria, que haviam começado a andar os 170 quilômetros, debaixo de chuva, da capital húngara, Budapeste, até a fronteira com a Áustria, de onde muitos continuariam até a Alemanha.
Alguns que observavam aplaudiam e cantavam: "Diga alto, diga claro, refugiados são bem-vindos aqui". Voluntários enchiam seus veículos com comida, água e brinquedos.
No entanto, a União Europeia está profundamente dividida sobre como lidar com o fluxo de pessoas do Oriente Médio, da África e da Ásia, um teste para o princípio de solidariedade, fazendo com que o bloco de 28 países pareça ineficaz e sem coração, colocando países-membros uns contra os outros e alimentando populismo político e o sentimento antimuçulmanos.
Um total de 6.800 imigrantes entraram na Alemanha no sábado, e mais 5.000 são esperados no domingo, segundo autoridades.
A Alemanha diz que espera receber 800 mil imigrantes e refugiados neste ano e pediu que outros membros da União Europeia abram as suas portas. No entanto, outros afirmam que o foco deve ser resolver a violência no Oriente Médio, que obriga as pessoas a deixarem as suas casas.
Os números na Europa são pequenos se comparados com vários milhões de refugiados no Líbano, Turquia e Jordânia, vizinhos da Síria. O papa Francisco fez um apelo neste domingo para que cada paróquia europeia e comunidade religiosa abrigue uma família migrante cada uma.
No entanto, uma pesquisa num jornal francês mostrou que 55 por cento dos franceses são contra tornar mais fácil o acesso de imigrantes ao status de refugiado.
Uma dezena de pessoas, oferecendo chocolate e bananas, saudaram os 600 a 700 imigrantes, a maioria da Síria, que chegaram em dois trens em Munique, no início da manhã. Um terceiro com cerca de 450 pessoas era esperado, segundo uma porta-voz da administração regional.
A maioria foi levada de ônibus até centros de recepção, depois de receberem atenção médica, comida e roupas limpas. Muitos disseram ser da Síria, enquanto outros eram do Afeganistão e do Iraque.
(Reportagem adicional de Sandor Peto e Balazs Koranyi em Budapeste, Angelika Gruber e Georgina Prodhan em Viena, Shadia Nasralla em Alpbach, Áustria, François Murphy em Salzburgo, Michael Shields em Zurique, Robin Emmott em Luxemburgo e Thomas Seythal em Berlim)