Por Yeganeh Torbati e Trinna Leong
KUALA LUMPUR (Reuters) - O desacordo entre os Estados Unidos e a China sobre a forma de abordar reivindicações opostas no Mar do Sul da China marcou uma reunião de autoridades de defesa do Sudeste Asiático nesta quarta-feira, a ponto de desistirem de uma declaração conjunta devido a desentendimentos sobre o texto.
Os Estados Unidos e seus aliados pressionaram para que o documento mencionasse as disputas territoriais no Mar do Sul da China, mas um alto funcionário da Defesa norte-americana disse que a China fez lobby entre os membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) para evitar qualquer referência ao tema na declaração.
"A Asean tomou essa decisão porque não há consenso, por isso há nenhuma declaração conjunta assinada", disse o ministro da Defesa da Malásia, Hishammuddin Hussein, em entrevista coletiva.
O evento incluiu ministros da Defesa dos dez membros da Asean e de outros países, como Austrália, China, Índia, Japão e Estados Unidos, e ocorreu apenas uma semana depois que um navio de guerra norte-americano desafiou limites territoriais em torno de uma das ilhas artificiais construídas pela China no arquipélago das Spratly, com uma patrulha que definiram como sendo pela liberdade de navegação.
O patrulhamento levou o comandante naval da China a advertir o chefe da Marinha norte-americana de que um pequeno incidente poderia provocar uma guerra se os Estados Unidos não pararem com seus "atos de provocação".
A China reivindica a maior parte do Mar do Sul da China, região pela qual passam mais de 5 trilhões de dólares a cada ano em mercadorias no comércio mundial. Vietnã, Malásia, Brunei, Filipinas e Taiwan também postulam direitos sobre parte do mar.
A China rejeita o que considera uma interferência externa na disputa regional. Já os Estados Unidos afirmam que não estão tomando partido, mas dizem estar preocupados, assim como aliados, caso das Filipinas, pela ação cada vez mais determinada da China, que inclui a construção de recifes.
Sede da conferência da Asean, a Malásia havia planejado divulgar uma declaração no final do encontro de dois dias, mas, de acordo com um alto funcionário da Defesa dos EUA, a China sabotou essa iniciativa.
"Os chineses fizeram lobby para manter qualquer referência ao Mar do Sul da China de fora da declaração conjunta final", disse o funcionário, que não quis ser identificado.
"Compreensivelmente, vários países da Asean sentiram que era inadequado. Isso reflete o divisionismo que a reivindicação e militarização chinesa no Mar do Sul da China tem causado na região."
No entanto, o Ministério da Defesa da China, responsabilizou "certos países" fora do Sudeste Asiático, em uma clara referência aos Estados Unidos e Japão.