Por Nidal al-Mughrabi
CAIRO (Reuters) - Moradores da Cidade de Gaza fugiram sob fogo israelense enquanto os tanques se aprofundavam no coração da cidade, nesta terça-feira, o segundo dia de uma ofensiva militar intensificada que, segundo o grupo militante palestino Hamas, pode prejudicar as negociações de cessar-fogo.
Mediadores do Catar e do Egito, apoiados pelos Estados Unidos, aceleraram seus esforços nesta semana para fechar um acordo de cessar-fogo com o objetivo de acabar com a guerra de Gaza e libertar reféns israelenses no enclave em troca de prisioneiros palestinos detidos em Israel.
Nesta terça-feira, os tanques israelenses aprofundaram sua incursão em alguns distritos da Cidade de Gaza, incluindo Shejaia, Sabra e Tel Al-Hawa, onde os moradores relataram no dia anterior alguns dos combates mais ferozes desde o início da guerra entre Israel e o Hamas.
Imagens que circularam nas mídias sociais nesta terça-feira mostraram famílias em carroças de burro e na traseira de caminhões empilhados com colchões e outros pertences pelas ruas da cidade para fugir de áreas sob ordens de retirada israelenses.
"A Cidade de Gaza está sendo dizimada, é isso que está acontecendo. Israel está nos forçando a deixar nossas casas sob fogo", disse Um Tamer, mãe de sete filhos, à Reuters por meio de um aplicativo de mensagem.
Ela afirmou que era a sétima vez que sua família fugia de sua casa na Cidade de Gaza, no norte do enclave e um dos primeiros alvos de Israel no início da guerra em outubro.
"Não aguentamos mais, chega de morte e humilhação. Acabem com a guerra agora", declarou ela.
O Crescente Vermelho Palestino disse que todas as suas clínicas médicas estavam fora de serviço na Cidade de Gaza devido às ordens de retirada.
O ataque se desenrolou no momento em que autoridades graduadas dos EUA estavam na região pressionando por um cessar-fogo depois que o Hamas fez concessões na semana passada. Mas a campanha renovada "poderia levar o processo de negociação de volta à estaca zero", disse o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, na segunda-feira.
As alas armadas do Hamas e da Jihad Islâmica disseram que lutaram contra as forças israelenses em Tel Al-Hawa com foguetes antitanque e morteiros, e causaram baixas. Não houve resposta imediata dos militares israelenses sobre essas alegações.
Em uma nota, os militares israelenses disseram que as tropas continuavam as operações na Cidade de Gaza, seguindo a inteligência que indicava a presença do Hamas e da Jihad Islâmica na área. Acrescentaram que as forças israelenses haviam tirado dezenas de combatentes de ação e localizado várias armas.
Autoridades de saúde palestinas disseram que os ataques aéreos israelenses na terça-feira mataram seis pessoas em uma casa na Cidade de Gaza, nove em duas casas em Al-Nuseirat e Deir Al-Balah, no centro de Gaza, e três pessoas em Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza.
Um ataque israelense contra um grupo de palestinos no campo de Al-Bureij, na região central da Faixa de Gaza, matou pelo menos sete pessoas, a maioria delas crianças, segundo médicos.
A guerra foi desencadeada em 7 de outubro, quando combatentes liderados pelo Hamas atacaram o sul de Israel, matando 1.200 pessoas e fazendo cerca de 250 reféns, de acordo com dados israelenses.
Mais de 38.000 palestinos foram mortos na ofensiva militar israelense desde então, segundo as autoridades de saúde de Gaza.