Dólar se reaproxima dos R$5,60 impulsionado pelo exterior após acordo entre EUA e UE
SÃO PAULO (Reuters) - Dias antes da próxima decisão de política monetária do Banco Central, analistas consultados pela autarquia mantiveram a projeção de que a taxa Selic permanecerá no atual patamar de 15,00% até o fim deste ano, enquanto reduziram ligeiramente as expectativas para a inflação brasileira em 2025 e 2026, de acordo com a pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira.
O levantamento, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, mostrou que a mediana das projeções para a Selic em 2025 permaneceu em 15,00% pela 5ª semana consecutiva, enquanto para 2026 a previsão ainda é de que a taxa atingirá 12,50%, na 26ª semana consecutiva que a expectativa se mantêm nesse nível.
Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) voltam a se reunir na terça e quarta-feiras para a próxima decisão de juros, após sinalizarem na reunião anterior que devem optar pela pausa no ciclo de aperto monetário, depois de elevarem a Selic em 0,25 ponto percentual na reunião do mês anterior, chegando a 15%.
Na curva de juros, as apostas na manutenção são quase unânimes, com probabilidade de 97%, com 3% de chance de que a autarquia eleve novamente a Selic em 0,25 ponto percentual, de acordo com dados da LSEG.
A pesquisa semanal com uma centena de economistas mostrou ainda a previsão de que o IPCA terá alta de 5,09% ao fim deste ano, ligeiramente abaixo da projeção de avanço de 5,10% na pesquisa anterior, no que foi a 9ª semana consecutiva de redução da expectativa. Para 2026, a projeção para a inflação brasileira foi a 4,44%, ante 4,45% na semana anterior.
O centro da meta perseguida pelo BC é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Em relação ao crescimento da economia brasileira, a previsão é de que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresça 2,23% neste ano, mesma projeção da semana anterior. Em 2026, a expectativa de crescimento subiu para 1,89%, ante 1,88% há uma semana.
No Focus desta segunda, houve ainda redução na expectativa para o preço do dólar no final de 2025, a R$5,60, de R$5,65 anteriormente, e manutenção na projeção para 2026, a R$5,70.
A divisa norte-americana acumula queda ante o real de cerca de 10% neste ano, em movimento puxado por um processo de correção de preço após sua disparada no fim do ano passado, e maior incerteza em relação aos planos tarifários dos Estados Unidos.
Mas em meio às tensões comerciais recentes entre Brasil e EUA, após Trump ameaçar impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, os analistas do Focus reduziram a expectativa para o superávit da balança comercial neste ano pela 3ª semana consecutiva, a US$66,70 bilhões, de US$69,25 bilhões na semana passada. Há quatro semanas, a projeção era de saldo positivo de US$73,00 bilhões.
Para 2026, a previsão para a balança caiu para um superávit de US$70,04 bilhões, de US$75,20 bilhões anteriormente. Há quatro semanas, a projeção indicava saldo positivo de US$78 bilhões no ano que vem.
(Por Fernando Cardoso)