QUITO (Reuters) - O movimento indígena do Equador disse nesta quarta-feira que o diálogo com o presidente Lenín Moreno sobre os subsídios aos combustíveis foi suspenso devido à "perseguição" do governo aos seus dirigentes após um protesto de quase duas semanas que irrompeu no início do mês.
Em meados de outubro, Moreno propôs um diálogo com o movimento indígena e outros setores sociais para frear o protesto violento contra suas medidas de austeridade, e revogou o decreto que punha fim aos subsídios ao diesel e à gasolina aditivada para avaliar mecanismos de focalização.
"Paramos porque não tem havido um ambiente de diálogo, não podemos estar na mesa enquanto estão nos perseguindo, e é por isso que pedimos um tempo necessário", disse Jaime Vargas, presidente da organização Conaie, que abarca todos os povos e nacionalidades indígenas do país.
"Nós propomos um diálogo de boa fé, um diálogo de confiança, mas não tem havido este ambiente", acrescentou aos repórteres ao informar sobre uma reunião prevista para a tarde desta quarta-feira.
Os indígenas querem incluir outros temas no debate, como uma revisão do acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), dos contratos petroleiros e da situação financeira das empresas públicas.
O governo não se pronunciou de imediato sobre o anúncio dos indígenas.
A Procuradoria-Geral do Equador iniciou na véspera uma investigação contra Vargas devido à sua suposta defesa de "grupos subversivos" depois de ter falado no sábado, durante uma manifestação em uma cidade amazônica, sobre a criação de um "Exército próprio" do movimento indígena.
Em resposta, a Conaie disse que se trata de "uma guarda comunitária" para proteger seus territórios, conforme os direitos de autodeterminação dos povos e nacionalidades previstos na Constituição do país.
(Por Alexandra Valencia)