Por Jeffrey Heller e Ari Rabinovitch
JERUSÁLEM (Reuters) - Os tumultos civis entre judeus e árabes em Israel abalaram os esforços dos adversários do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, para retirar o líder israelense do poder depois de uma série de eleições inconclusivas.
Naftali Bennett, chefe do partido ultranacionalista Yamina, disse que está desistindo de tentar montar uma coalizão com partidos de centro e de esquerda para formar um novo governo.
O cenário pós-eleitoral continua essencialmente o mesmo: Netanyahu teve uma chance de compor um governo e fracassou. Agora o principal bloco anti-Netanyahu, liderado pelo partido de centro Yesh Atid de Yair Lapid, tampouco tem um caminho óbvio para estabelecer uma maioria no Parlamento de 120 membros.
Bennett, político de direita que seria um parceiro improvável do mais moderado Lapid, disse que está abandonando as conversas sobre uma coalizão por preferir montar um governo de união mais amplo no interesse da nação em um momento de crise.
Isto cria a possibilidade muito real de outra eleição --a quinta em meros dois anos, algo inédito.
Analistas disseram que o fracasso da parceria Lapid-Bennett na esteira da violência nas ruas de Israel pode dar a Netanyahu um tempo adicional para realizar uma manobra política para se manter no poder.
"A partir do momento em que (o fogo) foi aceso, o governo de mudança morreu e Netanyahu ressuscitou", escreveu o comentarista Ben Caspit no jornal Maariv nesta sexta-feira.
Lapid ainda tem três semanas para tentar formar uma coalizão governista. Um acordo de "rodízio", por meio do qual Lapid e Bennett se revezariam como premiê, foi aventado, mas precisaria do apoio de parlamentares árabes para alcançar uma maioria.
Segundo citações da mídia israelense, na quinta-feira Bennett disse que o confronto atual com a minoria árabe de 21% de Israel tornaria tal governo inviável.
As atuais hostilidades entre Israel e militantes palestinos na fronteira com Gaza são acompanhadas de episódios de violência em comunidades mistas de judeus e árabes em Israel. Sinagogas foram atacadas e brigas de rua irromperam, o que levou o presidente israelense a alertar para uma guerra civil.