Por Ahmed Aboulenein
BAGDÁ (Reuters) - Ao menos 25 manifestantes morreram no Iraque nesta sexta-feira quando forças de segurança usaram gás lacrimogêneo e uma milícia apoiada pelo Irã abriu fogo para tentar conter novos protestos contra a corrupção e problemas econômicos, disseram forças de segurança.
Uma autoridade de inteligência do governo e um membro da poderosa milícia Asaib Ahl al-Haq também morreram em um confronto com manifestantes em Amara, cidade do sul do país, disseram fontes da polícia.
Quase 1.800 pessoas ficaram feridas em todo o país quando manifestantes foram às ruas para dar vazão à frustração com as elites políticas que dizem terem sido incapazes de melhorar sua vida após anos de conflito.
"Tudo que queremos são quatro coisas: trabalho, água, eletricidade e segurança. É tudo que queremos", disse Ali Mohammed, de 16 anos, que cobriu o rosto com uma camiseta para não inalar o gás enquanto a praça Tahrir, no centro de Bagdá, se tornava palco de cenas caóticas.
Sirenes foram acionadas e cilindros de gás lacrimogêneo caíam no meio de grupos de jovens manifestantes vestidos com bandeiras iraquianas que bradavam "com vida e sangue defendemos você, Iraque".
O derramamento de sangue é o segundo grande episódio de violência neste mês. Uma série de choques entre manifestantes e forças de segurança ocorrida duas semanas atrás deixou 157 mortos e mais de 6 mil feridos.
Os tumultos interromperam quase dois anos de estabilidade relativa no Iraque, que foi vítima de uma ocupação estrangeira, uma guerra civil e uma insurgência do Estado Islâmico entre 2003 e 2017, e são o maior desafio à segurança desde que se declarou a derrota do Estado Islâmico.
O porta-voz do Ministério do Interior, Khalid al-Muhanna, disse que ao menos 68 membros das forças de segurança também ficaram feridos.
(Reportagem adicional de Ahmed Rasheed, em Bagdá; Reportagem adicional de um repórter da Reuters em Basra e Diwaniya e de Stephanie Ulmer-Nebehay, em Genebra)