Por Sakura Murakami
TÓQUIO (Reuters) - O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, escolheu uma mulher como ministra das Relações Exteriores e nomeou como ministro da Defesa um político que trabalhou para construir laços com Taiwan na nova formação do gabinete nesta quarta-feira.
As escolhas, entre 11 novos rostos e cinco mulheres, destacam o foco na igualdade de gênero e uma linha mais forte na defesa, à medida que Kishida luta contra a queda nos índices de popularidade, com seu mandato como líder do governista Partido Liberal Democrata previsto para terminar no próximo ano.
Ambos os ministros enfrentam a tarefa de manter os laços com a China, que se deterioraram depois que o Japão começou a liberar no Oceano Pacífico água radioativa tratada de sua usina nuclear acidentada de Fukushima, irritando sua vizinha.
Kishida disse que o novo ministro da Defesa será Minoru Kihara, um político pró-Taiwan que visitou a ilha democraticamente governada no passado e pertence a um grupo interparlamentar Japão-Taiwan.
"Acho que isso envia uma mensagem de que o Japão está buscando estabilidade em Taiwan ao lado dos Estados Unidos", disse o especialista em segurança Takashi Kawakami, da Universidade Takushoku, na capital.
A escolha de Kihara como ministro da Defesa não é um movimento anti-China, mas indica uma proximidade com Taiwan, acrescentou ele.
A China reivindica Taiwan como seu próprio território e será sensível a qualquer mudança na posição do Japão em relação à ilha.
A nova ministra das Relações Exteriores é Yoko Kamikawa, ex-ministra da Justiça que supervisionou a execução dos principais membros do culto Aum Shinrikyo, responsável pelo ataque mortal com gás sarin no metrô de Tóquio em 1995.
A escolha de Kamikawa, que tem mestrado pela Universidade de Harvard, mostra que o governo quer garantir laços harmoniosos com os Estados Unidos, disse Yu Uchiyama, professor de política da Universidade de Tóquio.
"Ela tem muita experiência e acho que fará contribuições significativas para o fortalecimento dos laços com os Estados Unidos", afirmou ele.
No entanto, um analista político disse que as funções ministeriais diminuíram de importância, já que as cúpulas se tornaram cada vez mais um fórum de diálogo com a China.
"Em todo o mundo, a diplomacia de cúpula se tornou a corrente principal", disse Shigenobu Tamura, que trabalhou anteriormente para o Partido Liberal Democrata.
"Mesmo que os cargos de ministro das Relações Exteriores e da Defesa mudem, não haverá nenhuma mudança ou impacto na política diplomática do Japão."
(Reportagem de Tim Kelly, Yoshifumi Takemoto, Sakura Murakami, Francis Tang, Chang-Ran Kim e Kantaro Komiya)