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Por Maayan Lubell
JERUSALÉM (Reuters) - A nova ofensiva de Israel sobre a Cidade de Gaza pode levar semanas para começar, deixando portas abertas para um cessar-fogo, disseram autoridades israelenses, mesmo com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu dizendo que o avanço começaria "rapidamente" e terminaria a guerra com a derrota do Hamas.
Duas autoridades que estavam em uma reunião do gabinete de segurança na quinta-feira para aprovar o plano disseram à Reuters que a retirada de civis das áreas afetadas só poderá ser concluída no início de outubro, dando tempo para que um acordo seja realizado.
O plano gerou alarme internacional sobre os danos que poderia causar ao já destruído enclave, onde a crise de fome se agravou. No domingo, Netanyahu convocou jornalistas estrangeiros para explicar o plano, que inclui o que ele descreveu como uma onda de ajuda humanitária.
Netanyahu disse que Israel primeiro permitirá que os civis deixem as zonas de batalha antes que as forças avancem para a Cidade de Gaza, que ele descreveu como um dos dois últimos redutos do Hamas, cuja derrota trará o fim da guerra.
Mas o ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, também um membro do gabinete de segurança que exigiu ações ainda mais duras, disse que o plano foi concebido para pressionar o Hamas a voltar à mesa de negociações, em vez de derrotar o grupo, e pediu a Netanyahu que o descartasse.
As negociações indiretas entre Israel e o Hamas sobre uma proposta dos EUA para um cessar-fogo de 60 dias que incluiria a libertação de metade dos reféns ainda em Gaza terminaram no mês passado em um impasse, com grandes lacunas ainda entre os dois lados.
Os mediadores, Egito e Catar, não desistiram de reavivar as negociações, de acordo com um diplomata árabe que disse que a decisão de Israel de divulgar seu novo plano de ofensiva na Cidade de Gaza pode não ser um blefe, mas também serve para trazer o Hamas de volta à mesa de negociações.
O diplomata disse que houve uma nova disposição do Hamas em se envolver em conversas construtivas para um cessar-fogo depois que eles viram a seriedade de Netanyahu em tomar toda a Faixa de Gaza.
Um membro graduado do Hamas, Basem Naim, disse que o grupo havia informado aos mediadores que ainda estava interessado em chegar a um acordo de cessar-fogo.
Netanyahu não descartou a possibilidade de optar por um acordo. Uma fonte próxima ao primeiro-ministro disse que, se surgisse uma proposta relevante, ela seria apresentada ao gabinete de segurança de Israel.
Perguntado no domingo se ele interromperia a nova ofensiva em favor de um cessar-fogo, Netanyahu assumiu publicamente uma posição mais dura.
"Estamos buscando a libertação de todos os 20 (reféns vivos) com o objetivo de derrotar o Hamas. Estávamos falando de um acordo parcial, optamos por um acordo parcial, mas fomos enganados", disse ele. "Vamos destruir o Hamas, não vamos parar, estamos avançando", acrescentou.
’ARMADILHA MORTAL’
Ele também disse que havia instruído os militares israelenses a acelerar seus planos para a nova ofensiva.
"Quero acabar com a guerra o mais rápido possível e é por isso que instruí as IDF (Forças de Defesa de Israel) a encurtar o cronograma para tomar o controle da Cidade de Gaza", disse ele. O cronograma, disse ele, era "bastante rápido".
Mas os planos apresentados no gabinete de segurança na quinta-feira podem levar cerca de cinco meses para serem concluídos, de acordo com as duas fontes presentes na reunião.
As falas de Netanyahu sobre a Cidade de Gaza ser o último bastião cuja queda aceleraria a derrota do Hamas ecoaram as declarações antes de outra ofensiva, no sul de Gaza, há mais de um ano.
Em abril de 2024, durante uma rodada anterior de negociações de cessar-fogo fracassadas, Netanyahu prometeu continuar com um ataque há muito prometido em Rafah, que alcançaria a "vitória total" depois de enfrentar a última brigada remanescente do Hamas no local.
Israel atacou Rafah em maio de 2024, quando centenas de milhares de palestinos fugiram da área. O líder do grupo e mentor do ataque de 2023 que desencadeou a guerra, Yahya Sinwar, foi morto pelas forças israelenses no local cerca de cinco meses depois.
Mesmo com seus principais líderes mortos e combatentes há muito reduzidos a uma guerrilha espalhada entre as ruínas de Gaza, Netanyahu enfrenta o ceticismo em relação ao novo plano --inclusive de seu chefe militar, que o chamou de armadilha mortal-- e de qualquer esperança de que ele acabe com a guerra em breve.
"Essa medida é um perigo para Israel e sua segurança, e é inútil", disse o líder da oposição israelense, Yair Lapid. "Os reféns morrerão, os soldados morrerão, a economia entrará em colapso e a posição internacional de Israel desmoronará."
(Reportagem adicional de Alexander Cornwell em Tel Aviv e Nidal al-Mughrabi no Cairo)