Por Andrei Makhovsky
MINSK (Reuters) - A candidata de oposição Svetlana Tikhanouskaya rejeitou nesta segunda-feira os resultados oficiais da eleição presidencial de Belarus que deram ao presidente Alexander Lukashenko uma vitória folgada, dizendo que o pleito foi fraudado e que protestos que se tornaram sangrentos no domingo continuariam.
A comissão central eleitoral havia dito que Lukashenko levara 80% dos votos na eleição de domingo, e Tikhanouskaya, ex-professora de inglês que saiu da obscuridade para se tornar sua principal adversária, apenas 9,9%.
Observadores externos não consideram uma eleição de Belarus justa e livre desde 1995. Autoridades prenderam rivais de Lukashenko e abriram investigações criminais contra outros que expressaram oposição, antes da votação.
As ruas estavam quietas na capital Minsk e outras cidades depois da violência da noite de domingo, quando a polícia usou a força para tentar dispersar milhares de manifestantes que se reuniram, depois que as urnas fecharam, para denunciar o que dizem ser eleições ilegítimas.
Tikhanouskaya, que entrou na corrida presidencial depois da prisão de seu marido, um blogueiro que pretendia concorrer, disse a repórteres em Minsk que se considerava a vencedora da eleição. Ela disse que o pleito foi muito fraudado.
Seus conselheiros disseram que a oposição queria uma recontagem de votos nas seções eleitorais em que houve problemas. Também afirmaram que a oposição queria discutir como fazer uma transição pacífica de poder com as autoridades.
Não houve resposta imediata a essa proposta de Lukashenko.
Ex-administrador de fazendas coletivas da União Soviética, Lukashenko governa o país desde 1994, mas está encarando seu principal desafio em anos para manter o poder, em meio ao desencanto em alguns setores sobre a maneira como lidou com a pandemia de Covid-19, a economia e seu histórico irregular de direitos humanos.
Os comícios de campanha de Tikhanouskaya atraíram algumas das maiores multidões desde a queda da União Soviética em 1991.
A agência de notícias russa RIA publicou declarações do Ministério do Interior de Belarus dizendo, na segunda-feira, que a polícia havia detido por volta de 3 mil pessoas nos protestos pós-eleição de domingo.
As tentativas de Lukashenko para reprimir protestos podem minar seus esforços de consertar laços com o Ocidente, em meio a relações desgastadas com a tradicional aliada Rússia, que tentou pressionar Belarus a uma união política e econômica mais próxima.