ANCARA (Reuters) - O maior partido de oposição da Turquia disse, nesta quarta-feira, que pediu formalmente a revogação do mandato do presidente Tayyip Erdogan porque as mesmas falhas que o partido governista AKP alegou terem ocorrido na eleição municipal de Istambul em março também ocorreram nas eleições nacionais do ano passado.
O Partido Republicano do Povo (CHP) também disse que os votos para autoridades e conselhos de Istambul, entregues nos mesmos envelopes da eleição municipal, também deveriam ser cancelados se a cidade tiver uma nova votação. O partido de Erdogan conquistou a maioria dos conselhos.
Após semanas de apelos do AKP, a Alta Comissão Eleitoral da Turquia (YSK) decidiu na segunda-feira por uma nova eleição municipal em Istambul.
A votação de março foi vencida por Ekrem Imamoglu, do CHP, com uma margem estreita. Foi a primeira vez em 25 anos que o AKP ou seus antecessores islâmicos perderam o comando de Istambul, que é a maior cidade turca e tem um orçamento de quase 4 bilhões de dólares. O próprio Erdogan iniciou sua carreira política como prefeito de Istambul.
Em seu veredicto, a YSK citou irregularidades na indicação de autoridades para as zonas eleitorais. O AKP disse que o fato de indivíduos que não são servidores públicos terem sido indicados para as zonas eleitorais equivale a crime organizado.
A YSK não mudou os resultados de administradores de distritos, conselhos municipais e autoridades locais, uma decisão que o CHP disse não fazer sentido porque os quatro votos foram depositados nos mesmos envelopes e contados pelos mesmos fiscais eleitorais.
"Se vocês estão revogando o mandato de Ekrem Imamoglu... então também têm que anular o mandato do presidente Erdogan porque as mesmas leis, os mesmos regulamentos, as mesmas inscrições, as mesmas zonas eleitorais e condições estiveram presentes em ambas as eleições", disse o vice-presidente do CHP, Muharrem Erkek, a repórteres.Na terça-feira, Erdogan disse que as eleições foram maculadas pela "irregularidade organizada" e acrescentou que a decisão foi um passo importante para fortalecer a democracia.
A YSK ainda não publicou sua decisão detalhada com um argumento, o que tem obrigação legal de fazer.(Por Tuvan Gumrukcu)