(Reuters) - Mísseis israelenses atingiram o departamento de emergência de um hospital no norte de Gaza nesta terça-feira, disseram médicos, que, em pânico, tiveram que levar os pacientes às pressas para as ruas cheias de escombros do lado de fora.
Um vídeo obtido pela Reuters mostrou médicos em jalecos azuis levando pacientes em macas e leitos do complexo hospitalar em Jabalia, gritando de medo e olhando para trás, como se esperassem mais ataques.
“O primeiro míssil quando atingiu, atingiu a entrada do departamento de emergência. Tentamos entrar e, então, um segundo míssil atingiu, e o terceiro pegou um prédio próximo”, disse Hussam Abu Safia, chefe do Hospital Kamal Adwan.
“Não podemos voltar para dentro. Nós nunca realmente imaginamos que um dia o departamento de emergência seria atingido. O departamento de emergência presta serviços a crianças, idosos e pessoas dentro dos departamentos do hospital”.
Um homem foi filmado embalando o que parecia ser um recém-nascido envolto em um pano azul. Um idoso era levado em uma maca com rodas pelas ruas destruídas em direção a uma ambulância. Outras pessoas fugiam com medo do hospital, a maioria mulheres, e algumas usando jalecos ou aventais brancos.
“Como você pode ver, (isso) é a retirada de feridos e da equipe de dentro do complexo médico. A equipe médica saiu sob bombardeio, fogo e tanques do complexo médico Kamal Adwan”, afirmou o trabalhador de emergência palestino, Fares Afana.
A Reuters não conseguiu verificar os relatos dos eventos de maneira independente.
Israel disse que havia retornado a Jabalia, onde alegou ter desmantelado o Hamas meses atrás, para impedir que o grupo militante palestino que contra Gaza se reagrupasse.
Um porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza afirmou à Reuters que pacientes estavam sendo retirados do Hospital Batista da Cidade de Gaza e de outras instalações médicas da região norte do enclave.
O sistema de saúde de Gaza entrou basicamente em colapso desde que Israel começou sua ofensiva militar após os ataques de 7 de outubro de militantes palestinos do Hamas contra israelenses.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse nesta terça-feira que o hospital Al-Awda, também no norte de Gaza, está cercado desde domingo, com 148 funcionários e 22 pacientes e acompanhantes presos dentro dele.
Combates perto do hospital Kamal Adwan prejudicaram a assistência a pacientes, disse a repórteres em Genebra.
“Há apenas mais dois hospitais funcionais no norte de Gaza”, disse Tedros. “Garantir que eles possam prestar serviços de saúde é imperativo”.
(Reportagem de Osama Abu Rabee em Gaza; Reportagem adicional de Saleh Salem, Gabrielle Tetrault-Farber e Emma Farge)