Por Boureima Balima e Moussa Aksar
NIAMEY (Reuters) - O presidente do Níger, Mohamed Bazoum, permanecia detido no palácio presidencial na noite desta quinta-feira e não ficou claro quem assumiu o comando do país, depois que soldados declararam um golpe militar na noite de quarta-feira.
A França, a antiga potência colonial do país, e o bloco regional da África Ocidental, Cedeao, pediram a libertação imediata de Bazoum e o retorno à ordem constitucional. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, também disse que a ordem constitucional deve ser restaurada.
"Apoiamos as iniciativas regionais para encontrar uma saída urgente para a crise que respeite a estrutura democrática do Níger e permita a restauração imediata da autoridade civil", disse o Ministério das Relações Exteriores da França em um comunicado.
O presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, disse que conversou na quinta-feira com Bazoum e que o presidente está "bem", informou a agência de notícias russa RIA.
O golpe no Níger é o sétimo na África Ocidental e Central desde 2020, e pode ter graves consequências para o progresso democrático e a luta contra uma insurgência de militantes jihadistas na região, onde o Níger é um importante aliado do Ocidente.
Os apoiadores do golpe saquearam e incendiaram o quartel-general do partido do governo em Niamey, a capital, na quinta-feira, depois de o comando do Exército ter declarado o seu apoio ao golpe levado a cabo por soldados da guarda presidencial.
Nuvens de fumaça negra saíram do prédio, disse um repórter da Reuters, depois que centenas de apoiadores do golpe que se reuniram em frente à Assembleia Nacional do país se dirigiram ao prédio. A polícia os dispersou com rajadas de gás lacrimogêneo.
A multidão tocou músicas a favor dos militares. Alguns agitavam bandeiras russas e entoavam slogans anti-franceses, ecoando uma crescente onda de ressentimento contra a ex-potência colonial e sua influência na região do Sahel. O Níger conquistou a independência da França em 1960.
O canal de TV estatal mostrou um comunicado do Ministério do Interior condenando os atos de vandalismo e proibindo as manifestações até um novo aviso.
"Sempre acreditamos nas ações do exército e desta vez estamos com eles. Para nós, isso é uma alegria", disse Boubacar Hamidou, um ativista de direitos humanos que estava entre a multidão do lado de fora do Parlamento.
Em um comunicado assinado por seu chefe de gabinete, o Exército disse que "decidiu aderir à... declaração" feita por soldados que anunciaram em um discurso televisionado tarde da noite que haviam destituído Bazoum do poder.
O Exército disse que sua prioridade é evitar a desestabilização do país e que precisa "preservar a integridade física" do presidente e de sua família e evitar "um confronto mortal... que possa criar um banho de sangue e afetar a segurança da população".
(Reportagem de Bate Felix, Boureima Balima e Moussa Aksar; Reportagem adicional de John Irish e Sofia Christensen)