Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O papa Francisco disse nesta sexta-feira que estabelecer preço para emissões de carbono é "essencial" para conter o aquecimento global – sua declaração mais clara até hoje em apoio à penalização de poluidores – e apelou para que os descrentes da mudança climática ouçam a ciência.
Em um discurso a executivos do setor energético feito ao final de uma reunião de dois dias, ele também pediu por reportagens "abertas, transparentes, baseadas na ciência e padronizadas" sobre riscos climáticos e uma "transição energética radical" do carbono para salvar o planeta.
A fixação de preço para emissões de carbono, seja por impostos ou esquemas de troca de emissões, é usada por muitos governos para fazer os consumidores de energia pagarem pelos custos do uso de combustíveis fósseis, que contribuem para o aquecimento global, e para fomentar o investimento na tecnologia de baixo carbono.
O Vaticano não divulgou os nomes dos participantes do encontro a portas fechadas em sua Academia de Ciências, que repetiu outro de 2018, mas fontes da indústria disseram que se acredita que as empresas representadas são as gigantes Eni, Exxon, Total, Repsol (MC:REP), BP, Sinopec, ConocoPhillips (NYSE:COP), Equinor e Chevron.
Um grupo pequeno de manifestantes se reuniu diante de um portão do Vaticano. Um deles exibiu um cartaz dizendo "Queridos CEOs do Petróleo: Pensem em Seus Filhos".
Francisco, que fez muitos apelos pela proteção ambiental e se chocou com líderes como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a respeito da mudança climática, disse que a crise ecológica "ameaça o próprio futuro da família humana".
Ele criticou implicitamente aqueles que, como Trump, negam que a mudança climática seja causada sobretudo pela atividade humana.
"Durante tempo demais, fracassamos coletivamente em ouvir os frutos das análises científicas, e as previsões apocalípticas não podem mais ser encaradas com ironia ou desdém", disse. O debate sobre mudança climática e transição energética precisam se basear na "melhor pesquisa científica disponível hoje".
No ano passado, Trump rejeitou projeções de um relatório de seu próprio governo segundo o qual a mudança climática causará danos econômicos sérios à economia dos EUA.
"Diante de uma emergência climática, precisamos agir de acordo, de maneira a evitar perpetrar um ato de injustiça brutal contra os pobres e as gerações futuras", disse o papa.
(Reportagem adicional de Ron Bousso em Londres e Steve Jewkes em Milão)