Por Philip Pullella
PORT LOUIS, Ilhas Maurício (Reuters) - O papa Francisco encerrou nesta segunda-feira uma viagem pela África com uma visita rápida às Ilhas Maurício, onde rezou uma missa para 100 mil pessoas e deu esperança a um movimento que quer que o Reino Unido devolva um arquipélago.
Francisco chegou às Ilhas Maurício, uma ex-colônia britânica do Oceano Índico, e foi saudado por multidões que acenavam com folhas de palmeira enquanto ele atravessava campos de cana de açúcar rumo à capital.
Saudando várias delegações após a missa, Francisco se referiu a um arquipélago reivindicado pelo Reino Unido e pelas Ilhas Maurício como Chagos, ao invés de seu nome britânico, Território Britânico no Oceano Índico, ou Biot.
"Isto representa um passo importante em nossa luta para reconhecer a soberania da República das Ilhas Maurício sobre o arquipélago de Chagos", disse uma fonte de alto escalão do escritório do primeiro-ministro, Pravind Jugnauth, à Reuters quando indagada sobre o significado do palavreado do papa.
O Reino Unido, que supervisiona a região desde 1814, separou as ilhas Chagos das Ilhas Maurício para criar o Biot em 1965, três anos antes de conceder a independência às Ilhas Maurício -- sem Chagos.
O arquipélago de Chagos inclui a ilha de Diego García, que o Reino Unido aluga aos Estados Unidos e que abriga uma base aérea que os dois países compartilham.
"Fiquei muito feliz e orgulhosa de ouvir o papa dizer Chagos após a homilia", disse Rosemond Saminaden, de 83 anos, que foi forçada a deixar uma das ilhas em 1973 e é membro do Grupo de Refugiados de Chagos, que pressiona pela restituição de sua terra.
Em fevereiro, o Tribunal Internacional de Justiça ordenou que o Reino Unido devolva o controle de Chagos às Ilhas Maurício e disse que o país errou ao expulsar cerca de 2 mil pessoas nos anos 1960 e 1970 para construiu a base em Diego García.
Em maio, a maioria da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) exigiu que Londres devolva o controle das ilhas Chagos em seis meses. As resoluções da Assembleia Geral não têm força de lei, mas podem ter peso político, e a votação foi um revés diplomático para o Reino Unido e os EUA.
O principal motivo da visita de Francisco foi prestar homenagem a Jacques-Désiré Laval, padre francês que ajudou ex-escravos no século 19.