Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O papa Francisco se dirigiu nesta quarta-feira aos membros da máfia da Itália, onde muitos vão à Igreja Católica e praticam sua fé abertamente, que eles não podem chamar a si mesmos de cristãos porque "carregam a morte em suas almas".
As palavras improvisadas por Francisco durante sua audiência geral semanal na Praça de São Pedro diante de milhares de pessoas foram seu ataque mais forte contra o crime organizado em quase quatro anos.
"Então não temos que ir longe, vamos pensar no que está acontecendo neste momento em casa (Itália)", disse ele enquanto falava genericamente sobre os "falsos cristãos" que são corruptos enquanto fingem ser virtuosos.
"(E quanto aos) assim chamados mafiosos cristãos", disse. "Eles não têm absolutamente nada em si que seja cristão. Eles se chamam de cristãos, mas carregam a morte em suas almas e as infligem a outros."
Muitos membros de grupos do crime organizado da Itália, como a Cosa Nostra da Sicília e a 'Ndrangheta da Calábria, se veem como parte de um grupo religioso semelhante a um culto.
Especialmente em pequenos vilarejos e cidades do sul do país, eles participam dos sacramentos católicos, vão à igreja e, em alguns casos, têm contado com a cumplicidade do clero.
A cidade calabresa de Oppido Mamertina rendeu manchetes em 2014, quando pessoas que carregavam uma estátua de Nossa Senhora durante uma procissão religiosa tradicional desviaram a rota para passar diante da casa do chefe mafioso local, que estava doente.
Eles pararam diante de sua casa e inclinaram a estátua ligeiramente, como se fizessem uma vênia em respeito ao chefão.