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Papa encerra viagem à Mongólia e diz que Igreja não está empenhada em conversão

Publicado 04.09.2023, 08:55
Atualizado 04.09.2023, 09:00
© Reuters. Papa Francisco na Mongólia
 3/9/2023   REUTERS/Carlos Garcia Rawlins

Por Philip Pullella

ULAANBAATAR (Reuters) - O papa Francisco encerrou nesta segunda-feira uma viagem histórica à Mongólia que assumiu conotações internacionais por causa dos acenos do pontífice à vizinha China sobre liberdade de religião.

No final de uma missa no domingo, o papa enviou saudações à China, chamando seus cidadãos de um povo "nobre" e pedindo aos católicos da China que sejam "bons cristãos e bons cidadãos".

Na segunda-feira, o Ministério das Relações Exteriores da China disse que tem adotado uma atitude positiva para melhorar as relações com o Vaticano.

Pequim mantém comunicação com o Vaticano, afirmou a porta-voz do ministério, Mao Ning, em uma coletiva de imprensa, quando perguntada sobre os comentários do papa na Mongólia.

O principal objetivo da viagem de Francisco era visitar a pequena comunidade católica. Ele encerrou sua missão de cinco dias na segunda-feira com uma parada para inaugurar a Casa da Misericórdia, que oferece assistência médica aos mais necessitados na capital da Mongólia, bem como aos sem-teto, vítimas de abuso doméstico e imigrantes.

Situada em uma escola reformada e idealizada pelo principal clérigo católico da Mongólia, o cardeal italiano Giorgio Marengo, a Casa da Misericórdia coordenará o trabalho de instituições missionárias católicas e voluntários locais.

"O verdadeiro progresso de uma nação não é medido pela riqueza econômica, muito menos pelo investimento no poder ilusório dos armamentos, mas por sua capacidade de prover a saúde, a educação e o desenvolvimento integral de seu povo", disse Francisco na casa.

Ele também afirmou que queria dissipar "o mito" de que o objetivo das instituições católicas era converter as pessoas à religião, "como se cuidar dos outros fosse uma forma de seduzir as pessoas a 'se juntarem'".

A Mongólia, majoritariamente budista, tem apenas 1.450 católicos em uma população de 3,3 milhões de habitantes e, no domingo, praticamente toda a comunidade católica estava sob o mesmo teto que o papa.

Na segunda-feira, cerca de duas dezenas de católicos chineses cercaram a comitiva do papa tentando receber suas bênçãos.

Os devotos, que se identificaram como católicos da China continental e usavam uniformes com a frase "Love Jesus", se aglomeraram do lado de fora da Casa da Misericórdia.

Quando a comitiva de Francisco saiu do centro, eles cantaram um hino cristão dedicado ao papa em mandarim e tentaram driblar a segurança e alcançar seu carro. Uma mulher conseguiu passar pela segurança e recebeu uma bênção.

"Estou muito feliz, não consigo nem controlar minhas emoções agora", disse a mulher.

A Mongólia fez parte da China até 1921 e a viagem do papa foi marcada por alusões ou apelos à superpotência, onde o Vaticano tem relações difíceis com o Partido Comunista no poder.

No sábado, em palavras que pareciam ser dirigidas à China e não à Mongólia, Francisco disse que os governos não têm nada a temer da Igreja Católica porque ela não tem agenda política.

© Reuters. Papa Francisco na Mongólia
 3/9/2023   REUTERS/Carlos Garcia Rawlins

Pequim tem seguido uma política de "sinicização" da religião, tentando eliminar as influências estrangeiras e impor a obediência ao Partido Comunista.

A constituição da China garante a liberdade religiosa, mas nos últimos anos o governo aumentou as restrições às religiões vistas como um desafio à autoridade do partido.

(Reportagem de Philip Pullella e Joseph Campbell)

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