Por Philip Pullella e Mahmoud Mourad
CAIRO (Reuters) - O papa Francisco, que iniciou uma visita de dois dias ao Egito, pediu a líderes muçulmanos nesta sexta-feira que se unam na rejeição ao extremismo religioso no momento em que militantes islâmicos estão atacando comunidades cristãs em todo o Oriente Médio.
A viagem do papa, cuja meta é melhorar as relações entre cristãos e muçulmanos, acontece três semanas depois de ataques de homens-bomba do Estado Islâmico terem matado ao menos 45 pessoas em duas igrejas do Egito.
"Vamos dizer mais uma vez um alto e claro 'não!' a toda forma de violência, vingança e ódio cometidos em nome da religião ou em nome de Deus", disse o líder católico em uma conferência de paz na entidade islâmica mais importante do Egito, a Universidade Al-Azhar.
Francisco irá se encontrar com diversos líderes religiosos e políticos em sua breve estadia, e disse aos repórteres que viajam com ele no avião papal que está levando uma mensagem de paz e união.
Descartando os comboios blindados reservados normalmente para chefes de Estado em visita, o pontífice de 80 anos preferiu um simples carro Fiat ao chegar e, com a janela abaixada, seguiu pela capital fortemente protegida.
"Papa da Paz no Egito da Paz", diziam cartazes colados ao longo da estrada basicamente deserta que parte do aeroporto.
Ele é o segundo papa a visitar o Egito, a maior nação árabe do mundo, seguindo o exemplo de João Paulo 2º, que esteve em solo egípcio em 2000, um ano antes dos ataques de 11 de Setembro nos Estados Unidos, que convulsionaram as relações do Ocidente com o mundo muçulmano.
Embora o Egito tenha escapado da violência que vem assolando a Síria e o Iraque, sua comunidade cristã sentiu toda a agressividade dos militantes islâmicos nos últimos seis meses, tendo testemunhado ataques com bombas em várias igrejas.
"É nossa tarefa desmascarar os mercadores de ilusões sobre a vida no além, aqueles que pregam ódio para roubar as pessoas simples de sua vida presente", disse o pontífice em seu segundo discurso do dia, este ao presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi.
"O Egito está na linha de frente do confronto com o terrorismo, que nossa nação está apoiando com firmeza e sacrifício... determinada a derrotá-lo e acabar com ele e se ater a nossa união e não deixar que ele nos divida", disse Sisi.
Suas tentativas de tornar o Egito seguro vêm sendo abaladas por ataques contra os cristãos, mas uma visita papal bem-sucedida irá ajudar a melhorar a imagem internacional do país.
(Reportagem adicional de Eric Knecht e Lin Noueihed)