Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O papa Francisco irá fazer diversas mudanças significativas no Vaticano nas próximas semanas e meses para trazer pessoas com novas ideias e promover outras como parte de sua campanha de renovação da instituição.
O papa anunciou suas decisões em uma rara entrevista com a Reuters em sua residência, onde também falou sobre a China e questões como imigração, liberdade de imprensa, abuso sexual e o papel de mulheres na Igreja. [nL1N1TM0H0]
Durante a entrevista de duas horas no último domingo, Francisco disse ter decidido que o escritório de caridades do papa será a partir de agora liderado por um cardeal, o cargo mais alto da Igreja depois do próprio pontífice.
O atual chefe do escritório será promovido e seus sucessores terão a mesma posição. Isso dará maior importância para o departamento que supervisiona projetos de auxílio para pobres.
"Eu acho que há dois grandes braços do papa --o de ser o guardião da fé, e lá o trabalho é feito pela Congregação para a Doutrina da Fé, e o prefeito tem que ser um cardeal", disse Francisco.
"E o outro grande braço do papa é o escritório de caridades, e precisa haver um cardeal lá. Esses são os dois longos braços do papa --a fé e a caridade".
O arcebispo polonês Konrad Krajewski lidera atualmente o escritório, cujas origens datam do início do século 13. Ele será promovido a cardeal em uma cerimônia junto com outros 13 membros da Igreja na quinta-feira.
O escritório de caridades do papa nunca foi liderado por um cardeal.
Sob orientação de Francisco, Krajewski tem revitalizado o departamento. Ele é frequentemente visto nas ruas de Roma em roupas simples e não-clericais ajudando pessoas sem-teto.
Ele criou chuveiros e instalações médicas para desabrigados, idosos e necessitados perto da Praça de São Pedro e levou grupos para espetáculos de circo e até em passeios privados na Capela Sistina.
A fim de impulsionar sua visão de uma Igreja mais misericordiosa e menos burocrática, Francisco rompeu com o costume de nomear automaticamente cardeais para liderar grandes dioceses em todo o mundo. Cinco grandes cidades italianas que sempre tiveram cardeais estão sem eles.
Francisco também disse que antes do final do ano ele considera fazer mudanças no grupo de conselheiros cardeais de todo o mundo, conhecido como C-9. O grupo, que se encontra com ele periodicamente em Roma, começou seu trabalho há cinco anos.
Ele disse que pode aproveitar o próximo aniversário "para renovar um pouco", mas que não seria para "cortar cabeças".
Dois dos membros do C-9, o cardeal australiano George Pell e o cardeal chileno Francisco Javier Errázuriz Ossa, enfrentam alegações relacionadas ao escândalo de abuso sexual da Igreja. Ambos têm negado qualquer irregularidade.