Por Robert Muller
BRATISLAVA (Reuters) - O papa Francisco disse nesta segunda-feira, durante uma homenagem aos mais de 100 mil judeus eslovacos mortos no Holocausto, que é vergonhoso como pessoas que diziam acreditar em Deus terem perpetrado ou permitido "atos de desumanidade indizíveis".
Em uma cerimônia lúgubre no local em que uma sinagoga foi demolida durante a era comunista pós-guerra, supostamente para abrir espaço para uma ponte, o papa disse que a verdadeira razão foi porque "eles queriam eliminar todo vestígio da comunidade (judia)".
"Aqui, neste lugar, o nome de Deus foi desonrado, pois a pior forma de blasfêmia é explorá-lo para nossos propósitos, recusando-se a respeitar e amar outros", disse ele a representantes das comunidades judaicas da Eslováquia.
"Aqui, refletindo sobre a história do povo judeu marcada por esta afronta trágica ao Altíssimo, admitimos com vergonha com que frequência seu Nome inefável é usado para atos de desumanidade indizíveis!", disse Francisco.
No espaço aberto, adjacente a uma catedral católica e a outros edifícios que foram poupados, hoje existe um memorial aos mortos. A comunidade judia atual da Eslováquia conta com cerca de 2.600 pessoas.
"Quantos opressores declararam 'Deus está conosco', mas eram eles que não estavam com Deus", disse o pontífice antes de ouvir os depoimentos de um sobrevivente que perdeu os pais no Holocausto e de uma freira que contou sobre católicos que arriscaram a vida para salvar judeus.
No final da cerimônia, um cantor cantou em hebraico perto das pedras do templo derrubado.
Jozef Haľko, um bispo assistente de Bratislava, disse aos repórteres no local que é "paradoxal" os comunistas terem decidido destruir a sinagoga e manter outros edifícios de pé.