Por Isla Binnie
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - Durante o próximo Ano Santo da Igreja Católica, o papa Francisco vai autorizar os padres a perdoarem formalmente mulheres que fizeram aborto, na mais recente iniciativa do pontífice argentino no sentido de uma igreja mais aberta e inclusiva.
No ensinamento da Igreja, o aborto é um pecado tão grave que aquelas que o procuram ou realizam são excomungadas. Normalmente, somente sacerdotes e missionários designados podem perdoar abortos.
No entanto, de 8 de dezembro deste ano a 26 de novembro de 2016, durante um extraordinário Ano Santo ou "Jubileu" sobre o tema da misericórdia, anunciado pelo papa Francisco em março, todos os sacerdotes poderão perdoar o aborto, disse ele em uma carta publicada nesta terça-feira pelo Vaticano.
Na carta, Francisco descreveu o "calvário existencial e moral" enfrentado pelas mulheres que colocam fim a uma gravidez e disse que tinha conhecido muitas "que carregam em seus corações a cicatriz dessa decisão angustiante e dolorosa".
Francisco é o primeiro papa não europeu em 1.300 anos e tem marcado seu pontificado pela tolerância em relação a temas tabu. Em uma observação que se tornou emblemática de seu papado, ele perguntou: "quem sou eu para julgar?", no que diz respeito a uma pessoa homossexual que busque Deus.
O papa não demonstrou nenhuma intenção de mudar a oposição da Igreja em relação ao aborto, mas alarmou os conservadores ao adotar um tom menos forte sobre a questão do que seus antecessores.
"Esta não é de modo algum uma tentativa de minimizar a gravidade desse pecado, mas de ampliar a possibilidade de mostrar misericórdia", disse o principal porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, a jornalistas.
O Ano Santo é um dos eventos mais importantes da Igreja Católica, um período em que católicos fazem peregrinações a Roma e outros locais religiosos em todo o mundo. O evento geralmente acontece a cada 25 anos, a menos que um papa decrete um Ano Santo extraordinário para chamar a atenção para um determinado tema ou necessidade. Será o 29º Ano Santo na história da tradição, que tem 700 anos.
(Reportagem adicional de Philip Pullella)