Por Alexandra Ulmer
CARACAS (Reuters) - O parlamentar opositor e oncologista José Manuel Olivares, que liderou protestos contra a decadência da área de saúde na Venezuela, fugiu para a vizinha Colômbia depois de ser alertado de que seus parentes poderiam ser presos se ele não desistisse da política.
Olivares disse que o serviço de inteligência Sebin se tornou cada vez mais agressivo depois que seu irmão foi preso no ano passado e ficou detido durante vários meses, o que Olivares classificou como uma detenção arbitrária concebida para intimidá-lo.
No final da semana passada, Olivares recebeu um telefonema de um homem que se identificou como membro do Sebin.
"Ele disse que não aprendi a lição com meu irmão, e me informou que tinham mandados de prisão contra minha esposa, minha mãe e meu irmão", afirmou Olivares à Reuters nesta sexta-feira, acrescentando que patrulhas do serviço de inteligência também estão visitando as casas de seus familiares com frequência.
Após o telefonema o parlamentar de 32 anos, que representava o Estado litorâneo de Vargas, decidiu fugir.
No final de semana ele, sua esposa, seu irmão e seu filho de 3 meses enfrentaram uma viagem de carro de 18 horas até a fronteira colombiana, que cruzaram ilegalmente porque o bebê não recebeu um passaporte.
O governo de centro-direita da Colômbia, crítico feroz do presidente de esquerda da Venezuela, Nicolás Maduro, os acolheu apesar da falta de documentos da criança, e atualmente a família está na capital Bogotá, contou Olivares.
"Deixamos o país de uma maneira traumática. Terei que trabalhar agora, espero que como médico, mas posso ter que fazer qualquer coisa, como tantos outros venezuelanos em todo o mundo."