Por Catarina Demony
LISBOA (Reuters) - O Parlamento de Portugal concordou em abrir uma entrada exclusiva para seu único parlamentar de extrema-direita, depois que políticos rivais se queixaram de que deixá-lo passar era incômodo demais.
André Ventura, ex-comentarista de futebol e líder do partido Chega, conquistou no início deste mês a primeira cadeira da extrema-direita no Parlamento desde que a ditadura portuguesa terminou, em 1974.
Ele recebeu a vaga mais à direita de uma fileira situada atrás de um balaústre de madeira do Palácio São Bento, o que o obriga a passar junto a membros do partido de direita CDS-PP.
Mas parlamentares do CDS-PP e de outras legendas disseram que a manobra era inconveniente e que os forçaria a se levantar para um adversário político, o que não acontece com os outros. "Não é uma questão política, é prática", disse Telmo Correia, parlamentar do CDS-PP.
O presidente do Parlamento, Ferro Rodrigues, acabou concordando que uma abertura fosse feita no balaústre próxima do assento de Ventura, o que significa que ele terá uma entrada particular, disse um porta-voz da legislatura nesta sexta-feira.
Longe de ter ficado contente, Ventura disse que será um desperdício de recursos "ridículo".
"Eles gastarão dinheiro só porque os parlamentares do CDS-PP não querem se levantar. Isso são eles querendo humilhar o Chega mais uma vez", disse ele, furioso, ao jornal Expresso.
A decisão ainda tem que ser aprovada pela agência de patrimônio cultural porque o edifício, que foi um monastério no século 16, é um local protegido.