MADRI (Reuters) - O Parlamento da Catalunha pediu nesta sexta-feira que um juiz da Suprema Corte da Espanha seja processado por se recusar a libertar um político pró-independência preso que esperava ser eleito como seu líder regional.
A queixa foi o ataque mais recente de um confronto entre Barcelona e Madri, que impôs um controle direto sobre a rica região do nordeste espanhol depois que seu governo declarou independência da Espanha em outubro.
O juiz Pablo Llarena frustrou uma tentativa do Parlamento catalão nesta semana de nomear como seu líder Jordi Sánchez, separatista de longa data atualmente preso e aguardando um julgamento por acusações de rebelião.
Um conselho de representantes parlamentares concordou em acusar Llarena de proferir deliberadamente um veredicto injusto --que o presidente da legislatura regional, Roger Torrent, descreveu como uma "violação de direitos humanos".
A decisão foi repudiada por forças unionistas da assembleia, entre elas o partido liberal Ciudadanos, que se tornou a maior sigla nas eleições de dezembro, mas ficou aquém da maioria estreita da coalizão separatista.
Depois da votação os políticos pró-independência não conseguiram escolher um novo líder.
O ex-líder catalão Carles Puigdemont fugiu para a Bélgica em novembro, evitando uma audiência judicial na qual responderia a acusações de rebelião e mau uso de fundos públicos relacionados à iniciativa separatista.
Sánchez apelou para ser solto e tomar posse, mas Llarena recusou, dizendo existir o risco de ele cometer o mesmo delito.
O porta-voz do governo central, Íñigo Méndez de Vigo, disse nesta sexta-feira que gastar dinheiro tentando apresentar acusações contra Llarena pode constituir mau uso de fundos públicos, e os próprios advogados do Parlamento catalão não o aconselharam.
"Seria bom se o Parlamento aderisse ao que os advogados disseram", disse Méndez de Vigo em uma coletiva de imprensa em Madri.
"Não deixem que eles digam mais tarde que não sabiam quais seriam as consequências, porque foram alertados."
Se nenhum líder regional for eleito até 22 de maio, os catalães serão chamados a participar de novas eleições.
(Por Isla Binnie e Inmaculada Sanz)