Por Walter Bianchi
BUENOS AIRES (Reuters) - Os peronistas argentinos limpavam suas feridas nesta segunda-feira, após uma derrota eleitoral no Congresso em que a oposição conservadora ganhou vantagem em importantes campos de batalhas em todo o país e eliminou a maioria da coalizão governista no Senado.
A coalizão de oposição Juntos, duramente derrotada nas eleições presidenciais de 2019, bateu a coalizão governista Frente de Todos por quase 20 pontos em todo o país no Senado, onde um terço das cadeiras estava em disputa.
Na Câmara, venceu por uma margem um pouco menor, mas ainda importante, de cerca de 8 pontos percentuais, vencendo uma batalha acirrada na importante província de Buenos Aires, a região mais populosa do país e reduto peronista.
“As pessoas se fizeram ouvir”, disse Beatriz Arguello, uma dona de casa na capital. "Agora esperamos alguma mudança."
O presidente argentino de centro-esquerda, Alberto Fernández, disse após a votação que ouvirá o povo e prometeu uma nova fase para o país. Ele pediu que a oposição chegue a um consenso com o governo.
Isso será fundamental depois que os peronistas perderem a maioria no Senado, que mantinham desde 1983, o que significa que Fernández e sua vice-presidente mais radical, Cristina Fernández de Kirchner, precisarão buscar o outro lado.
Os jornais locais reagiram à derrota com manchetes como "dura derrota eleitoral" e "diagnósticos devastadores". O Página 12, mais alinhado ao partido, buscou pontos positivos: "Derrota, mas a luta continua".
Os mercados tinham reação mista ao resultado, com os preços dos títulos soberanos subindo ligeiramente, a bolsa caindo pouco mais de 2%, em um ajuste de posições após uma alta inicial, e o peso oficial recuando apenas 0,08%. Os analistas geralmente veem o resultado como positivo na medida em que pode forçar o governo a trabalhar mais de perto com a oposição, favorecida pelos investidores.
(Reportagem de Walter Bianchi, Juan Bustamante, Nicolas Misculin)