Por Eyanir Chinea
CARACAS (Reuters) - O plano do presidente Nicolás Maduro de um novo Congresso popular para reescrever a Constituição da Venezuela ameaça destruir o legado político do ex-líder Hugo Chávez, disse nesta quinta-feira a procuradora-geral venezuelana.
Maduro, de 54 anos que se diz o “filho” de Chávez e protetor dos ideais socialistas do falecido mentor, apresentou o plano da Assembleia Constituinte como uma maneira de restaurar a paz após dois meses de protestos antigoverno que mataram 67 pessoas.
Críticos, incluindo alguns tradicionais apoiadores do governo, disseram não haver necessidade de reescrever a Constituição reformada por Chávez em 1999, e insistem que um referendo deve ser realizado para determinar se o país deseja tal Assembleia.
“Penso que com esta (Assembleia) estamos destruindo o legado do presidente Chávez”, disse Luisa Ortega, procuradora que rompeu com Maduro há várias semanas, do lado de fora do Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela.
Chávez comandou a Venezuela de 1999 a 2013, vencendo eleições por conta de suas políticas de bem estar social alimentadas pelo petróleo, carisma e ligações com os mais pobres.
Ele ainda é admirado por muitos, embora críticos argumentem que suas políticas populistas são a base para o atual desastre econômico.
Líderes da oposição pedem por uma eleição geral para resolver a crise na Venezuela. Eles disseram que o plano da Assembleia é um esquema com regras distorcidas para garantir que os socialistas continuem no poder.
“Uma (Assembleia) Constituinte pelas costas das pessoas não pode ser”, acrescentou Ortega, também denunciando a “feroz repressão” de protestos anti-Maduro.