Por Guy Faulconbridge
LONDRES (Reuters) - O Partido Conservador, da primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, enfrentará um "rompimento catastrófico" se ela insistir com as atuais propostas para o Brexit, uma vez que 80 ou mais parlamentares da própria legenda estão prontos para rejeitá-las, disse um ex-ministro do governo.
As críticas públicas, feitas um dia depois de o ex-ministro de Relações Exteriores Boris Johnson rotular os planos de May para a desfiliação britânica da União Europeia como "um colete suicida" embrulhando a Constituição do país, indicam como pode ser difícil para May conseguir a aprovação de qualquer acordo para o Brexit.
Steve Baker, ex-ministro envolvido com o Brexit que renunciou por causa das propostas da premiê para a separação, disse à Press Association que não advoga uma mudança de líder, mas alertou que May enfrentará um grande problema na conferência partidária entre os dias 30 de setembro e 3 de outubro.
Se 80 dos 315 parlamentares de May votarem contra um acordo para o Brexit baseado em suas propostas, o destino do governo dependerá do opositor Partido Trabalhista, uma vez que a premiê não terá os 320 votos necessários no Parlamento de 650 cadeiras.
"Se sairmos da conferência com ela esperando aprovar à custa de votos dos trabalhistas, acho que os negociadores da UE provavelmente entenderão que, se isso fosse feito, o partido sofreria o rompimento catastrófico que até agora conseguimos evitar", disse Baker, segundo a PA.
Outros conservadores deram estimativas muito mais modestas do número de parlamentares que rejeitam os planos de May. Embora alguns defensores do Brexit estejam insatisfeitos com sua liderança, veem a premiê como a melhor esperança imediata para garantir a separação da UE.
O Reino Unido deve deixar o bloco em 29 de março, mas pouca coisa está clara. Até agora não existe um acordo de saída completo, e tampouco está claro se May é capaz de obter a aprovação de um acordo no Parlamento britânico.