Por Mate Munsch
FERGUSON, Estados Unidos (Reuters) - Dois policiais da cidade norte-americana de Ferguson, no Missouri, foram feridos a tiros no que membros da corporação chamaram de emboscada no início desta quinta-feira, o episódio mais recente de violência na esteira de meses de tensão entre afro-americanos e a força policial de maioria branca da cidade.
Uma intensa caçada estava em andamento por um suspeito ou suspeitos do tiroteio aos policias, que foram tratados e liberados do hospital, informou a polícia do condado de St Louis.
Um policial de 41 anos do condado de St Louis foi atingido no ombro, e um colega de 32 anos do vizinho departamento de polícia de Webster Groves ficou com uma bala alojada perto do ouvido depois de perfurar sua bochecha, relatou o chefe de polícia de St Louis , Jon Belmar.
"Isso realmente é uma emboscada, é isso mesmo", afirmou Belmar. "Você não prevê. Não entende que vai acontecer".
Os disparos ocorreram enquanto uma manifestação diante da sede da polícia da cidade se dispersava horas depois de o chefe de polícia local renunciar. Depois de meses de críticas, Tom Jackson entregou o cargo em reação a um relatório severo do Departamento de Justiça dos Estado Unidos que revelou que sua força estava contaminada pelo preconceito racial.
O protesto começou pacificamente na quarta-feira, pouco depois de o chefe de polícia Jackson anunciar sua renúncia, mas cerca de uma dezena de policiais com uniforme de choque mais tarde confrontaram os manifestantes, e pelo menos duas pessoas foram postas sob custódia.
Tiros foram ouvidos perto da meia-noite, causando um pandemônio. Muitos das poucas dezenas de manifestantes ainda presentes fugiram. A polícia se dispersou e muitos policiais assumiram posições defensivas de armas em punho, e alguns se protegeram atrás de escudos, de acordo com um vídeo publicado online.
RESPONSABILIDADE
O subúrbio de St. Louis mergulhou no caos em agosto passado após o assassinato de Michael Brown, um adolescente negro desarmado, cometido por um policial branco, colocando o caso no centro de um intenso debate nacional sobre o uso de força letal por parte dos agentes da lei contra minorias.
Os disparos desta quinta-feira foram "imperdoáveis e repugnantes", declarou o procurador-geral dos EUA, Eric Holder, em um comunicado. "Tais atos insensatos de violência ameaçam as próprias reformas pelas quais os manifestantes pacíficos de Ferguson e de todo o país vêm trabalhando".
Belmar declarou em uma coletiva de imprensa que as autoridades têm pistas possíveis para encontrar quem quer que seja responsável pelos ataques, mas não deu maiores detalhes.
"É a prioridade número um da polícia do condado de St Louis identificar o indivíduo ou indivíduos", afirmou. Os policiais não reagiram aos tiros, mas podem revidar no futuro, alertou.
Benjamin Crump, advogado que representa os pais de Brown, declarou que a família repudiou o acidente da quinta-feira e insistiu que só um pequeno número de pessoas é responsável por toda e qualquer violência.
(Reportagem adicional de David Bailey, em Minneapolis; Fiona Ortiz, em Chicago; e Carey Gillam, em Kansas City)