BUENOS AIRES (Reuters) - Autoridades argentinas fizeram uma operação para fechar uma livraria que vende publicações com conteúdo nazista e antissemita online, anunciou a polícia da capital Buenos Aires nesta quarta-feira, após uma investigação de dois anos promovida por um grupo judeu.
O estabelecimento Libreria Argentina vendia livros com imagens de suásticas, cruzes de ferro e a águia imperial do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, comumente conhecido como partido nazista, assim como textos de propaganda nazista.
“Estamos chocados com a profusão do material”, disse Marcos Cohen, da Delegação das Associações Israelitas Argentinas, o grupo judeu que atua como demandante no processo. “Não me lembro de nada parecido ter sido encontrado antes.”
Exibir símbolos nazistas é crime segundo a lei argentina. A polícia prendeu uma pessoa durante as operações no bairro de San Isidro, localizado nos arredores de Buenos Aires.
A Argentina tem a maior população judaica da América Latina, tendo recebido muitos migrantes expulsos da Espanha e fugitivos dos "pogroms" na Europa Oriental e da Segunda Guerra Mundial, em que os nazistas assassinaram cerca de seis milhões de judeus europeus.
Após a guerra, muitos oficiais nazistas, incluindo o supervisor de deportações para campos de extermínio Adolf Eichmann, também migraram para a Argentina para evitar julgamentos por crimes de guerra.
Vários grupos antissemitas surgiram nas décadas seguintes e, em 1994, o centro comunitário judaico AMIA em Buenos Aires foi bombardeado, resultando em 85 vítimas fatais e centenas de feridos.
(Reportagem de Miguel Lo Bianco)