BAGDÁ, Iraque (Reuters) - A polícia do Iraque usou munição letal para dispersar multidões que desafiaram um toque de recolher antes do amanhecer para protestar nesta quinta-feira, e 11 pessoas foram mortas de madrugada durante confrontos que degeneraram em um dos maiores desafios de segurança desde a derrota do Estado Islâmico.
Tropas patrulhavam as principais ruas e espaços públicos de Bagdá, mas de manhã manifestações pequenas e esporádicas haviam sido retomadas, um repúdio ao toque de recolher imposto na capital a partir das 5h e sem fim à vista.
Confrontos ocorridos de madrugada em cidades do sul mais do que dobraram o salde de mortes de três dias de tumultos, elevando-o para 18. As manifestações começaram em Bagdá na terça-feira e cresceram rapidamente, disseminando-se para outras cidades, a maioria no sul do Iraque.
A polícia usou munição letal, gás lacrimogêneo e canhões de água para repelir os manifestantes, que direcionaram sua revolta a um governo e uma classe política que dizem serem corruptos e não fazerem nada para melhorar suas vidas. Eles exigiam empregos e serviços melhores e pediam a "queda do regime".
Os toques de recolher impostos em cidades do sul de madrugada foram suspensos, disse a polícia local.
Os choques entre manifestantes e forças de segurança de noite mataram sete pessoas, inclusive um policial, em Nassiriya, e quatro pessoas em Amara, segundo policiais e médicos.
O Iraque tem mostrado dificuldade para se recuperar de uma batalha contra o grupo sunita extremista Estado Islâmico entre 2014 e 2017. Sua infraestrutura foi devastada por décadas de guerra civil sectária, ocupação estrangeira, duas invasões dos Estados Unidos, sanções norte-americanas e uma guerra contra seus vizinhos.