Por Sinan Abu Maizar e Nidal al-Mughrabi
JERUSALÉM (Reuters) - Policiais israelenses entraram na mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, o terceiro santuário mais sagrado do Islã, e realizaram prisões nesta sexta-feira durante o que a polícia descreveu como uma busca por jovens que lançaram pedras e fogos de artifício durante confrontos com suas forças do lado de fora.
A operação, rara em um local emblemático das esperanças palestinas de fundar um Estado e um catalisador frequente de seu conflito com Israel, ocorreu enquanto médicos de Gaza, controlada por islâmicos, acusavam o Exército israelense de matar duas pessoas, incluindo um garoto, durante protesto na fronteira.
Um porta-voz da polícia disse que os agentes foram enviados a Al-Aqsa atrás de suspeitos que se entrincheiraram no local depois de embates recorrentes no complexo circundante, durante os quais homens armados lançaram fogos de artifício com cilindros.
Não surgiram relatos imediatos de violência dentro da mesquita, cujos fiéis mais velhos disseram ter tido permissão de sair depois de serem revistados. Mais tarde testemunhas viram cerca de 20 homens jovens detidos pela polícia e disseram que as orações foram retomadas na mesquita.
A polícia estimou o número de prisões em 24 e disse que quatro de seus agentes ficaram feridos no confronto. Autoridades muçulmanas disseram que dezenas de pessoas foram feridas pelas granadas de atordoamento da polícia israelense.
"Os ataques israelenses contínuos contra a Jerusalém ocupada elevarão as tensões e arrastarão a região a uma guerra religiosa para a qual estamos alertando há tempos", disse o gabinete do presidente palestino, Mahmoud Abbas, em um comunicado.
O complexo de Al Aqsa, também reverenciado pelos judeus por ser um vestígio de dois de seus templos antigos, está entre as áreas que Israel capturou em uma guerra de 1967 com a Jordânia, que continua exercendo um papel administrativo na mesquita.
Em Gaza, médicos disseram que um homem e um menino de 14 anos foram mortos e que dezenas ficaram feridos por disparos do Exército, elevando para 154 o saldo de mortes de palestinos durante as manifestações semanais iniciadas em 30 de março para exigir terras perdidas para Israel na guerra de 1948 que levou à criação do Estado judeu.
O homem morto, Abu Mustafa, de 43 anos, foi levado à barraca de um hospital no qual também trabalhava como médica sua esposa, que desmaiou quando o descobriu entre as vítimas, segundo seus colegas.
Israel afirma que suas táticas letais são necessárias para evitar invasões armadas na fronteira com Gaza.