Por Irene Klotz
NOVA YORK (Reuters) - Novas fotos transmitidas pela primeira espaçonave a visitar Plutão mostraram estranhas formas poligonais e colinas suaves em uma planície sem crateras, indicações de que esse mundo gelado é geologicamente ativo, disseram cientistas do projeto New Horizons nesta sexta-feira.
"Não tínhamos ideia de que Plutão teria uma superfície geologicamente jovem", disse o chefe de pesquisas, Alan Stern, do Instituto de Pesquisa do Sudeste em Boulder, Colorado. "É uma surpresa maravilhosa."
A meta da missão New Horizons, que custou 720 milhões de dólares, é mapear as superfícies de Plutão e sua lua primária, Charon, avaliar quais materiais elas contêm e estudar a atmosfera do planeta.
Lançada em 2006, a espaçonave viajou quase 5 bilhões de quilômetros até passar pelo sistema de Plutão na terça-feira. Apenas 1 por cento dos 50 gigabytes de dados registrados nos 10 dias que levaram à passagem do equipamento pelo planeta-anão foram transmitidas de volta à Terra.
Mesmo assim, os primeiros resultados mostram que Plutão, onde as temperaturas na superfície chegam a menos 240 graus Celsius, está desafiando teorias sobre como corpos gelados podem gerar calor para redesenhar sua aparência na superfície.
Por exemplo, uma região brilhante, em forma de coração, perto do equador de Plutão, não tem crateras de impacto, indicando que a superfície tem mais ou menos 100 milhões de anos de idade, um piscar de olhos no calendário geológico.
"Está provavelmente obtendo sua forma atualmente através de processos geológicos. Podem ter apenas uma semana de idade, até onde sabemos", disse o geólogo Jeffrey Moore, do Centro de Pesquisas Ames, da Nasa, em Moffett Field, Califórnia, a repórteres, durante teleconferência.
Uma seção plana está cortada em formas poligonais de 19 a 32 quilômetros de largura, delineadas por bordas rasas, algumas das quais possuem material escuro. Ainda mais enigmáticas são as cadeias de colinas ao redor dos polígonos.
"Suspeitamos que as colinas podem ter aparecido após serem pressionadas para cima junto às divisões", disse Moore.
Outra possibilidade é de que a planície esteja erodindo ao redor das colinas, deixando para trás montes compostos de um material mais resistente.
"Não sabemos quais dessas duas explicações são corretas", disse Moore.