Por Will Dunham
WASHINGTON (Reuters) - Quando os primeiros povos pré-históricos chegaram na América do Sul próximo ao fim da Era do Gelo, eles encontraram um continente maravilhoso e exuberante habitado por todas as formas de estranhas criaturas, como preguiças gigantes e tatus com o tamanho de carros.
Esses coletores e caçadores se comportaram como uma “espécie invasiva”, com as suas populações aumentando e depois se reduzindo, à medida que eles de forma implacável esgotavam os recursos naturais.
Somente muito mais tarde alcançou-se o crescimento exponencial da população, depois da formação de assentamentos fixos com plantações e animais domesticados.
Essas são as descobertas de uma pesquisa publicada nesta quarta-feira no periódico Nature, que traça até hoje o panorama mais detalhado do povoamento da América do Sul, o último continente habitável colonizado pelo ser humano.
Os pesquisadores identificaram duas fases de colonização distintas: a primeira se desenvolvendo de 14 mil anos a 5,5 mil anos atrás, com a população humana chegando a cerca de 300 mil. A segunda ocorreu de 5,5 mil anos a 2.000 anos atrás, com a população chegando a cerca de um milhão.
"Humanos eram como uma outra espécie invasiva qualquer”, disse Elizabeth Hadly, professora de biologia da Universidade de Stanford. “Se nós consumirmos nossos recursos, vamos entrar em declínio. É falar o óbvio, mas o nosso estudo mostra que mesmo em áreas geograficamente vastas, como continentes, humanos podem consumir demais e muito rápido.”
Os pesquisadores reconstruíram a história do crescimento populacional humano na América do Sul usando informações de datação radiocarbônica de 1.147 sítios arqueológicos.
A nossa espécie apareceu na África há cerca de 200 mil anos e, depois, se espalhou para a Europa e para a Ásia, cruzando para as Américas de 15 mil a 20 mil anos atrás, usando uma faixa de terra que conectava a Sibéria e o Alasca.
(Reportagem de Will Dunham)