Por William James
SALISBURY, Inglaterra (Reuters) - A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, visitou nesta quinta-feira a cidade inglesa de Salisbury, que se tornou o palco improvável de um ataque químico contra um ex-agente duplo russo neste mês.
Sergei Skripal, de 66 anos, e sua filha Yulia, de 33, foram encontrados inconscientes em um banco diante de um shopping da cidade em 4 de março depois de serem expostos ao que as autoridades britânicas identificaram como um agente nervoso de uso militar e dos tempos soviéticos pertencente à categoria Novichok. Eles continuam hospitalizados em estado grave.
May, que culpa a Rússia pelo ataque e na quarta-feira anunciou a expulsão de 23 diplomatas russos, visitou vários locais de Salisbury, inclusive a área próxima do banco em que Skripal e a filha foram encontrados.
"De fato responsabilizamos a Rússia por este ato descarado e desprezível que ocorreu nas ruas de uma cidade tão notável, que as pessoas vêm visitar e desfrutar", disse May a repórteres durante a visita à elegante Salisbury, conhecida por sua catedral.
Moscou nega qualquer envolvimento e disse que as acusações da premiê são "insanas". O governo russo deve retaliar contra a expulsão dos diplomatas em breve.
May disse estar fazendo a visita para agradecer aos serviços de emergência e de saúde e para tranquilizar o público a respeito de sua segurança.
"Foi ótimo conhecer alguns turistas aqui em Salisbury, pessoas que vêm a Salisbury, ainda aproveitando esta ótima cidade", disse.
Salisbury, que abriga uma catedral do século 13 que tem o maior pináculo da Inglaterra, testemunhou cenas dramáticas desde que Skripal foi encontrado envenenado. Policiais e soldados com trajes de proteção contra agentes químicos e máscaras de gás vêm realizando perícias e retirando veículos de locais visitados pelas duas vítimas.
Ex-coronel do serviço de inteligência russo GRU, Skripal entregou dezenas de agentes russos à inteligência britânica até ser detido em Moscou e preso em 2004. Em 2006 ele recebeu uma longa pena de prisão, mas foi libertado quatro anos mais tarde em uma troca por 10 espiões russos capturados nos Estados Unidos.
Desde que chegou ao Reino Unido ele vivia modestamente em Salisbury, mantendo-se longe dos holofotes até ser encontrado inconsciente, um acontecimento que desencadeou uma grande crise diplomática entre Londres e Moscou.
(Reportagem adicional de Elizabeth Piper, em Londres)