Por Nidal al-Mughrabi
GAZA (Reuters) - O primeiro-ministro palestino, Mahmoud Abbas, deixou sua sede na Cisjordânia rumo à Faixa de Gaza nesta segunda-feira para buscar uma reconciliação entre Hamas e Fatah, uma década depois de o grupo islâmico ter ocupado o território durante uma guerra civil.
Na semana passada o Hamas anunciou que está cedendo o controle administrativo da Faixa de Gaza a um governo de união liderado por Rami al-Hamdallah, mas a ala armada do movimento continua sendo a força dominante no enclave palestino de dois milhões de habitantes.
"Voltamos a Gaza para concluir a reconciliação e a união nacional e acabar com os impactos dolorosos das divisões e para reconstruir Gaza tijolo por tijolo", disse Hamdallah em uma cerimônia de boas-vindas a Abbas.
Forças leais ao presidente palestino perderam o controle de Gaza em um conflito com o Hamas em 2007.
A mudança de posição do Hamas foi o passo mais significativo rumo à união palestina desde que o governo foi formado em 2014. A administração não funcionou em Gaza --onde Israel e o Hamas disputaram três guerras desde 2008-- por causa das disputas entre Hamas e Fatah no tocante às suas responsabilidades.
Analistas disseram que reduzir as divisões internas pode ajudar Abbas, que tem apoio ocidental, a se contrapor ao argumento israelense de que não existe um parceiro de negociação para a paz com os palestinos.
"Viemos com instruções de Abbas para dizer ao mundo, do coração de Gaza, que o Estado palestino não pode e não será estabelecido sem uma união geográfica e política entre Gaza e a Cisjordânia", disse Hamdallah.
Uma guarda de honra da polícia do Hamas e centenas de palestinos, muitos deles acenando com bandeiras palestinas, esperaram Hamdallah diante do posto de controle comandado pelo Hamas, localizado na estrada pela qual o premiê e sua comitiva passaram e que cruza a fronteira israelense em Erez.
O Hamas, que Israel e o Ocidente consideram um grupo terrorista, deu o passo dramático rumo à união no mês passado, desmantelando seu governo sombra em Gaza depois que Egito, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos impuseram um boicote econômico a seu principal doador, o Catar, devido a seu suposto apoio ao terrorismo. O Catar nega a alegação.
(Reportagem adicional de Dan Williams em Jerusalém)