Por Dan Williams e Doina Chiacu
WASHINGTON (Reuters) - Um quarto dos parlamentares democratas dos EUA não vai acompanhar nesta terça-feira a fala do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que irá aprofundar sua campanha contra a abordagem diplomática do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para o Irã, em um discurso que criou níveis inéditos de tensão nas relações entre os dois líderes.
Embora tenha sido tratado com frieza pelo governo dos EUA, Netanyahu se mostrou conciliador ao dizer que não pretendeu desrespeitar Obama ao aceitar um convite para se dirigir aos congressistas dos EUA, que foi orquestrado pelos rivais republicanos do presidente.
No início desta terça-feira, cerca de 60 dos 232 democratas do Congresso afirmaram que planejam se ausentar do discurso para protestar contra o que veem como uma politização da segurança de Israel, tema a respeito do qual a legislatura geralmente concorda.
John Boehner, presidente da Câmara dos Deputados e republicano cujo convite unilateral a Netanyahu desencadeou a crise diplomática, afirmou nesta terça-feira que conta com uma plateia lotada e minimizou quaisquer divisões.
"O laço da América com Israel é mais forte do que a política do momento", afirmou em uma mensagem de vídeo.
A Casa Branca está descontente por ver Netanyahu usar o fórum para explicitar as negociações a portas fechadas, concebidas para deter a iniciativa nuclear iraniana.
Na segunda-feira, Obama pareceu descartar qualquer possibilidade de que a firme aliança dos EUA com Israel possa ser arruinada pelo rancor.
"Não acho que isso seja permanentemente destrutivo", disse Obama à Reuters em entrevista. "Acho que é um desvio do que deveria ser nosso objetivo. E nosso objetivo deveria ser ‘como impedimos o Irã de ter uma arma nuclear?'"
Netanyahu, que ressaltou seu desempenho no quesito segurança na véspera da disputada eleição de 17 de março em Israel, negou que seu discurso tem qualquer propósito além da sobrevivência de sua nação.
"Planejo falar sobre um regime iraniano que está ameaçando destruir Israel", afirmou ele ao Comitê de Assuntos Públicos EUA-Israel (Aipac, na sigla em inglês), grupo de lobby pró-israelense, na segunda-feira.
"A última coisa que eu gostaria é que Israel se torne uma questão partidária, e lamento que algumas pessoas tenham se equivocado entendendo minha visita desta semana desta forma".
(Reportagem adicional de Patricia Zengerle e Matt Spetalnick)