Por Jeffrey Heller
JERUSALÉM (Reuters) - O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou nesta quinta-feira que vai discursar no Congresso dos Estados Unidos durante uma visita marcada para março, e a Casa Branca afirmou que o presidente norte-americano, Barack Obama, não irá recebê-lo.
O convite feito pelo presidente da Câmara dos Deputados, o republicano John Boehner, a Netanyahu, cujas relações com Obama têm sido amargas, gerou críticas da Casa Branca, que disse não ter sido consultada.
O discurso do premiê a parlamentares norte-americanos deve levantar as diferenças com o governo de Obama sobre se novas sanções devem ser impostas a Teerã.
Pouco antes de Netanyahu aceitar formalmente o convite, o diretor do serviço de inteligência israelense Mossad veio a público apoiar o primeiro-ministro, negando por meio de um raro comunicado à imprensa notícias de que era contra novas sanções contra o Irã, enquanto potências mundiais negociam com a República Islâmica os limites de seu polêmico programa nuclear.
Em sua conta no Twitter, Boehner disse que o discurso no Congresso estava marcado para 3 de março, exatamente duas semanas antes das eleições gerais em Israel, nas quais Netanyahu vai tentar se eleger para um quarto mandato.
O gabinete de Netanyahu disse que o líder israelense deve também comparecer a uma conferência anual sobre políticas públicas em Washington organizada pelo Aipac, um proeminente grupo de lobby pró-Israel.
Netanyahu há muito enfrenta a oposição de chefes de segurança israelenses contrários a uma intervenção militar unilateral contra o Irã. Eles temem que a medida possa levar a um conflito prolongado, causando graves danos a Israel.
Netanyahu, que tem frequentemente confrontado Obama por causa da questão iraniana e dos assentamentos judaicos em territórios ocupados onde os palestinos pretendem formar um Estado, tem acusado o presidente norte-americano de fazer excessivas concessões a Teerã, em troca de poucas contrapartidas.
A Casa Branca afirmou que Obama não deve se reunir com Netanyahu durante a visita do premiê aos EUA. Segundo a porta-voz do Conselho Nacional de Segurança, Bernadette Meehan, Obama estava cancelando um convite para uma reunião com Netanyahu no Salão Oval por causa das eleições de 17 de março em Israel.
"Por uma questão de prática de longa data e princípios, não encontramos chefes de Estado ou candidatos em estreita proximidade com as suas eleições, de modo a evitar uma aparente influência numa eleição democrática num país estrangeiro", disse Meehan em comunicado.
"Assim, o presidente não vai se encontrar com o primeiro-ministro Netanyahu por causa da proximidade da eleição em Israel, que será apenas duas semanas depois do seu discurso planejado no Congresso dos EUA."
A decisão de Obama pode ser interpretada como uma afronta porque líderes de Israel, um país aliado dos EUA, quase sempre mantêm audiências com o presidente norte-americano em viagens a Washington.
(Reportagem adicional de Maayan Lubell)