BUJUMBURA (Reuters) - O presidente do Burundi, Pierre Nkurunziza, adiou nesta quarta-feira as eleições parlamentares e municipais para 5 de junho enquanto nas ruas da capital, Bujumbura, irrompiam novos protestos e confrontos entre polícia e manifestantes, como parte de uma disputa de poder que ameaça desencadear mais derramamento de sangue com motivação étnica na região dos Grandes Lagos da África.
Nkurunziza disse que as eleições parlamentares e municipais, que estavam marcadas para 26 de maio, seriam adiadas. Seu decreto não fez nenhuma menção a semanas de agitação na capital ou à fracassada tentativa de golpe da semana passada.
O porta-voz do presidente disse à Reuters que ele tomou a decisão depois de pedidos de políticos da oposição e da comunidade internacional. A data da eleição mais controversa, a presidencial, em 26 de junho, manteve-se inalterada, disse ele.
É improvável que o adiamento da votação apazigue os manifestantes, que dizem que a intenção de Nkurunziza de disputar um terceiro mandato viola o limite de dois mandatos estabelecido pela Constituição e um acordo de 2005 que pôs fim a uma guerra longa, de fundo étnico.
Estima-se que 300 mil pessoas morreram no conflito, iniciado por volta da mesma época do genocídio de 1994 na vizinha Ruanda, que compartilha a mesma composição étnica do Burundi – uma maioria hutu e uma minoria tutsi.
(Por Edmund Blair e Goran Tomasevic)