Por Mahmoud Mourad e Amina Ismail e Nadine Awadalla
CAIRO (Reuters) - As autoridades do Egito incentivaram a população a ir às urnas nesta terça-feira, segundo dia de uma eleição presidencial concebida para dar ao presidente Abdel Fattah al-Sisi uma vitória categórica, mas sem concorrência real, em uma disputa que críticos classificam como uma farsa.
No esforço de combater a apatia do eleitorado, a agência de notícias estatal lembrou os egípcios que o voto é obrigatório e que aqueles que se ausentarem pagarão uma multa equivalente a até 28 dólares -- uma penalidade que não foi aplicada com rigor em eleições anteriores.
Sisi diz estar buscando um segundo mandato para consertar o estrago econômico de anos de caos político, derrotar insurgentes islâmicos e restaurar o papel do Egito como potência árabe proeminente.
O único oponente de Sisi é um político obscuro e leal ao líder do país. Candidatos mais fortes foram obrigados a desistir e vários políticos da oposição pediram um boicote à votação, dizendo que a repressão afastou concorrentes com mais credibilidade.
Mas as autoridades esperam conseguir um comparecimento forte ao longo dos três dias da eleição. O presidente ainda tem muitos admiradores, mas as medidas de austeridade dos últimos anos e uma repressão intensa a islâmicos, secularistas e liberais reduziu seu apoio.
O brigadeiro-general Ali Hareedi, diretor da sala central de operações eleitorais, disse que o primeiro dia teve um comparecimento "que prova a consciência do povo egípcio", mas não deu números.
A mídia pró-Sisi descreveu zonas eleitorais cheias. "Milhões de eleitores se reúnem diante dos centros de votação... e comemoram em cada praça", disse uma manchete do jornal Al-Akhbar.
Duas fontes que monitoram o pleito, incluindo uma da Comissão Nacional Eleitoral, disseram que cerca de 13,5 por cento dos 59 milhões de eleitores habilitados votaram na segunda-feira. Se esta taxa se repetir nesta terça-feira e na quarta, o comparecimento seria de 40 por cento.
Em um local de votação de Fayoum, um bastião islâmico situado 100 quilômetros ao sul do Cairo, uma autoridade eleitoral admitiu que o comparecimento foi de 25 por cento, mas a informação logo foi corrigida por um oficial do Exército que disse "mais de 50".
Uma servidora pública de 55 anos disse ter votado em parte porque seu patrão a incentivou a fazê-lo, mas também porque "há segurança agora, não é como o Iraque, a Síria ou o Iêmen".